Embora seja difícil determinar a influência das mudanças climáticas no derretimento do gelo marinho, especialistas apontam que o aquecimento global tem sua parcela de responsabilidade. Dados preliminares do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos mostram que, em setembro, o gelo marinho apresentou um recorde negativo, com 1 milhão de km² a menos em comparação com a mínima anterior, em 1986.
O chefe do departamento de geografia da UFRGS, Francisco Aquino, alerta para possíveis mudanças na formação e intensidade dos ciclones extratropicais nos próximos anos. Segundo ele, um planeta mais quente intensifica algumas circulações atmosféricas, o que pode resultar em eventos extremos. O aquecimento global também pode alterar a circulação de ventos e a formação dos ciclones, devido ao aumento de temperatura nos oceanos.
Ilana Wainer, professora do Instituto Oceanográfico da USP, relaciona a diminuição do gelo marinho com oceanos mais quentes. Desde 2014, a água abaixo da superfície tem se aquecido consideravelmente. No entanto, ainda não é possível separar totalmente o aquecimento global das variações climáticas que já ocorrem naturalmente na região da Antártida.
Além das mudanças na circulação atmosférica e dos possíveis desastres naturais, a diminuição do gelo marinho também afeta a vida não humana. A redução do gelo pode levar à morte de colônias de filhotes de pinguim-imperador e afeta a quantidade de krill antártico, que é essencial para a alimentação de focas e baleias. Mudanças nas condições climáticas podem resultar em alterações no estoque de microalgas marinhas, afetando diretamente a quantidade de krill e impactando toda a cadeia alimentar na região da Antártida.
Portanto, o derretimento do gelo marinho na Antártida é um fenômeno preocupante, com possíveis consequências para a circulação atmosférica, formação de ciclones e chuva, além de afetar a cadeia alimentar e a vida não humana na região. É necessário um maior estudo e compreensão desse fenômeno para que se possa tomar medidas efetivas de mitigação dos impactos do aquecimento global.