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Bioquímica húngara e cientista americano ganham Prêmio Nobel de Medicina por pesquisa em tecnologia de RNA mensageiro para vacinas contra a COVID-19

A bioquímica húngara Katalin Kariko e o cientista americano Drew Weissman foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina de 2023 por suas pesquisas no campo da tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), que possibilitaram o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19. O júri do Instituto Nobel, em Estocolmo, na Suécia, fez o anúncio na segunda-feira (2) e destacou a relevância dessas descobertas para o enfrentamento de uma das maiores ameaças à saúde moderna.

Especialistas brasileiros comemoraram a premiação e ressaltaram a importância da tecnologia de RNA mensageiro não apenas para a prevenção de doenças infecciosas, como a covid-19, mas também para o desenvolvimento de vacinas mais potentes e eficazes contra outras enfermidades. Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, as vacinas baseadas em mRNA abrem uma janela de oportunidades para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes e Alzheimer.

Kfouri também ressaltou a facilidade de produção das vacinas de mRNA, uma vez que não dependem de material biológico. Além disso, essas vacinas apresentam alta eficácia contra a covid-19 e podem ser modificadas geneticamente para proteger contra outras doenças infecciosas, como gripe e sarampo.

Para Patrícia Neves, líder científica do Projeto mRNA de Bio-Manguinhos da Fiocruz, o Prêmio Nobel reconhece o papel fundamental da tecnologia de mRNA no combate à pandemia de covid-19, mas também destaca suas possibilidades futuras no tratamento de outras doenças infecciosas, como a leishmaniose e a febre amarela. Neves ressaltou que o mRNA já vem sendo utilizado em vacinas terapêuticas para o tratamento do câncer e pode ser aplicado em tratamentos de doenças raras, o que pode reduzir os custos de tratamento.

A visibilidade proporcionada pelo Prêmio Nobel evidencia a segurança e eficácia da tecnologia de mRNA, segundo Patrícia Neves. Ela acredita que o mRNA pode ser utilizado em várias aplicações além das vacinas e revolucionar a medicina.

No Brasil, pesquisadores também estão desenvolvendo uma vacina contra a covid-19 com tecnologia de mRNA. O projeto liderado por Patrícia Neves e Ana Paula Ano Bom, do Bio-Manguinhos, busca desenvolver uma vacina brasileira totalmente nacional até 2025. Até o momento, já foram realizados mais de sete testes diferentes em animais.

Gustavo Mendes, diretor do Instituto Butantan, destacou que a tecnologia de mRNA revolucionou a terapêutica e as vacinas, uma vez que estimula o sistema imunológico de forma precisa, sem a necessidade de outros materiais biológicos. O Butantan também está empenhado em buscar essa tecnologia e já submeteu uma proposta ao Ministério da Saúde para iniciar as pesquisas no instituto.

O Prêmio Nobel de Medicina concedido a Katalin Kariko e Drew Weissman eleva a tecnologia de mRNA ao status de uma das maiores descobertas científicas dos últimos anos. Sua aplicação nas vacinas contra a covid-19 já demonstrou sua eficácia, e os pesquisadores acreditam que suas possibilidades vão muito além, abrindo caminho para o desenvolvimento de vacinas mais poderosas e tratamentos inovadores para diversas doenças.

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