O projeto chamado “Faixa Azul” tem mostrado resultados positivos em São Paulo, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Em todas as vias em que a faixa exclusiva para motocicletas foi implantada, os acidentes graves foram reduzidos. Cerca de 86% dos motociclistas utilizam a faixa e a taxa de sinistros foi quase nula. Por outro lado, fora da faixa exclusiva, onde apenas 14% dos motociclistas transitam, o número de acidentes dobrou.
Apesar dos resultados promissores em São Paulo, o Consórcio Intermunicipal ABC está acompanhando o desenvolvimento do projeto na capital antes de iniciar um debate regional sobre o tema. As administrações municipais também afirmam que ainda não há estudos detalhados sobre a implementação das faixas exclusivas nas vias locais.
No entanto, alguns especialistas defendem que antes de implementar essas faixas é necessário avaliar a questão de saúde pública dos motociclistas. O aumento significativo do número de pessoas trabalhando com entregas durante a pandemia da Covid-19 tem levado a um aumento proporcional de acidentes envolvendo motos. Para o professor e pesquisador de Arquitetura e Urbanismo na Fundação Santo André, Enrique Staschower, é necessário repensar o vínculo empregatício desses trabalhadores para garantir a segurança no trânsito.
Além disso, o arquiteto e gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS, Enio Moro, argumenta que a implementação das faixas exclusivas vai contra o sistema nacional de mobilidade, que prioriza o transporte coletivo. Segundo ele, seria um retrocesso privilegiar o transporte individual em vez de priorizar o modal coletivo.
Portanto, é fundamental avaliar todos os aspectos, incluindo a saúde pública dos motociclistas, a mobilidade urbana e o impacto no sistema de transporte, antes de decidir pela implantação das faixas exclusivas para motos nas principais vias do ABC.