Cecília relembrou as razões pelas quais as canções feitas pelo povo se tornam perigosas para o poder autoritário. Ela ressaltou que as canções recuperam e valorizam a identidade dos povos, o que as torna perigosas para as ditaduras, que buscam adormecer a população. Víctor Jara foi espancado e assassinado cinco dias após ser preso, com seu corpo encontrado em um matagal, apresentando diversas marcas de tortura. A ditadura chilena deixou cerca de 40 mil mortos, sendo uma das mais sangrentas da América Latina.
A cantora também mencionou outros representantes da Nova Canção, movimento musical que surgiu na década de 1960, durante o contexto de governos autoritários, e que buscava fazer denúncias sociais, incorporando elementos do folclore latino-americano. Ela citou nomes como Violeta Parra, Dércio Marques e Alí Primera.
Uma das composições mais conhecidas de Víctor Jara é “Te Recuerdo Amanda”, que foi gravada por artistas como Mercedes Sosa e Ivan Lins. O evento em São Paulo foi organizado pela rede Dandô, Circuito de Música Dércio Marques, que reúne músicos de diferentes partes do Brasil e promove encontros, trocas e reflexões por meio da música e outras expressões artísticas.
Katya Teixeira, integrante da rede Dandô e organizadora da homenagem a Víctor Jara, ressaltou a importância de comunicar o que se passa no ambiente social atual através da música. Segundo ela, a mensagem chega mais facilmente por meio da música, que é uma ferramenta muito poderosa. Cecília também destacou a importância de manter as mensagens de resistência e luta atuais, especialmente entre os mais jovens. Ela defendeu que, apesar dos 50 anos passados desde a morte de Víctor Jara, os valores como direitos humanos, diversidade e liberdade ainda são lutas permanentes, diante do recrudescimento de ideias fascistas e discriminatórias.