A cesta de produtos de consumo maciço monitorados pela Abras, conhecida como Abrasmercado, apresentou uma queda de 5,33% nos preços em agosto em relação ao mesmo mês de 2022. Além disso, a cesta registrou uma desvalorização de 1,71% na comparação com julho e, no acumulado do ano, a queda chega a 4,89%. Em média, os preços diminuíram de R$ 730,06 para R$ 717,55. Essa cesta é composta por alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza.
Um dos principais fatores que contribuíram para o aumento do consumo de proteínas foi a maior oferta no mercado interno e a melhora da renda dos consumidores. Em agosto, foi possível observar uma redução nos preços dos cortes dianteiros (-1,10%) e dos cortes traseiros (-1,78%) de carne. No acumulado do ano, as quedas acumuladas para esses itens são de 9,21% e 12,03%, respectivamente. Outras proteínas como frango congelado (-2,04%), pernil (-0,85%) e ovos (-3,15%) também registraram quedas.
Além disso, o preço do feijão teve uma queda expressiva de 8,27%, enquanto no acumulado do ano a baixa é de 12,77%. Esses números refletem a estabilidade de renda e a queda nos preços dos alimentos, permitindo aos consumidores agregar mais itens em suas compras e buscar produtos de maior valor agregado, como a carne bovina.
No entanto, é importante ressaltar que apesar do cenário positivo, ainda existem desafios a serem enfrentados. Domenico Filho, diretor da Nielsen IQ, destaca que o poder de compra do brasileiro foi reduzido devido à inflação e ao aumento dos preços dos alimentos nos últimos três anos. Portanto, mesmo com a redução nos preços, será preciso algum tempo para que o brasileiro equilibre suas dívidas e volte a consumir de maneira mais expressiva.
A Abras mantém a projeção de crescimento de 2,5% do setor supermercadista para o ano de 2023. No entanto, Marcio Milan, vice-presidente da associação, afirma que essa é uma projeção conservadora e que há possibilidade de ajustes nos próximos meses. Além disso, é importante destacar que o setor supermercadista tem se expandido, com a inauguração de 482 lojas de janeiro a setembro deste ano. Dos novos estabelecimentos, 137 são supermercados e 91 são atacarejos.
Apesar do crescimento dos atacarejos nos últimos anos, Domenico Filho ressalta que é necessário ter cuidado ao avaliar a continuidade dessa dominância e crescimento. Ele destaca que o crescimento dos atacarejos está relacionado à abertura de novas lojas e não necessariamente ao desempenho individual de cada estabelecimento. Portanto, é preciso observar também a estabilidade das vendas no comparativo das mesmas lojas.