Repórter São Paulo – SP – Brasil

Seca na Amazônia causa falta de água e impactos econômicos, afetando milhares de famílias e aumentando o risco de desabastecimento.

A seca na região amazônica tem causado graves consequências para os moradores locais. Um exemplo disso é a história de Maria, uma moradora de Rio Branco, no Acre, que está enfrentando dificuldades no abastecimento de água. Apesar de a Amazônia possuir 20% de toda a água doce do mundo, Maria e sua família dependem do fornecimento de 3.000 litros de água por semana pela prefeitura local, entregues por caminhões-pipa. No entanto, nem sempre esse fornecimento é suficiente, e eles chegam a gastar R$ 50 para comprar uma caixa de mil litros de água.

Maria e sua família fazem parte das mais de 4.000 famílias abastecidas pelos caminhões-pipa da Operação Estiagem, iniciada pela Defesa Civil do Rio Branco em julho. Neste ano, a operação já atendeu pelo menos 30 comunidades. Isso ocorre em um momento em que o rio Acre, responsável pelo abastecimento de água da capital do estado, atingiu níveis preocupantes, chegando a apenas 19 centímetros acima do mínimo histórico registrado em 2022.

Além do abastecimento de água, a seca na região também tem afetado a economia local. De acordo com o tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil em Rio Branco, a produção agrícola e a criação de animais têm sido prejudicadas, resultando em uma perda de cerca de 40% na economia dos produtores rurais. Além disso, as queimadas têm aumentado as doenças respiratórias na zona urbana e há risco de desabastecimento de água na capital.

Essa seca não é isolada na região amazônica. Enquanto a região Sul enfrenta enchentes e temperaturas históricas, a seca na Amazônia é considerada a segunda mais grave em 13 anos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a causa desses fenômenos climáticos extremos é uma combinação do El Niño, que provoca aquecimento das águas do Pacífico, com um aquecimento do Atlântico Tropical Norte.

O meteorologista Renato Senna, do Inpa, afirma que essa combinação está agravando a seca na Amazônia e pode atrasar a próxima estação chuvosa em até 45 dias. Ele destaca que a Amazônia Oriental já tem um déficit de precipitação marcado e a situação é mais grave na bacia do Negro e do rio Branco.

Os impactos da seca na região vão além do abastecimento de água e da economia. No estado do Amazonas, 15 municípios já estão em situação de emergência devido à seca severa. Além disso, a falta de água está afetando o acesso à educação, com mais de 355 estudantes impedidos de chegar às escolas devido ao baixo nível dos rios. O número de afetados pode chegar a 20 mil se a situação persistir.

Diante desse cenário, governadores e representantes do governo federal estão buscando soluções para enfrentar a crise. Medidas como o envio de ajuda humanitária, ampliação do combate ao desmatamento e liberação de recursos estão sendo tomadas. No entanto, os moradores da região amazônica ainda enfrentam desafios constantes devido à seca extrema, que afeta não apenas o abastecimento de água, mas também a agricultura, a educação e a economia local.

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