O MPF enviou uma notificação ao Banco do Brasil pedindo informações sobre a posição da instituição em relação ao tráfico de pessoas negras escravizadas, a existência de pesquisas financiadas pelo banco para analisar sua própria história, dados sobre traficantes de pessoas escravizadas e sua relação com o banco, além de detalhes sobre os financiamentos realizados pelo banco no período da escravidão e os esforços de reparação relacionados a esse período. O banco tem 20 dias para responder.
Os historiadores destacam que a escravidão e a modernidade foram parte integrante do Banco do Brasil desde sua criação em 1808. De acordo com os dados apresentados, o banco obteve recursos através da arrecadação de impostos sobre embarcações envolvidas no tráfico de escravos e ressaltam que o capital para a fundação do banco era proveniente da economia da época, que se baseava na escravidão e no comércio de africanos.
Além disso, os fundadores e grandes acionistas do banco eram contrabandistas de escravos. Um exemplo é José Bernardino de Sá, um dos maiores traficantes de escravos do país entre 1825 e 1855, que se tornou o maior acionista individual do banco em 1853.
O procurador Julio José Araujo Junior enfatiza que o inquérito busca investigar a relação do Banco do Brasil com a escravidão, visando a memória, verdade e justiça. Ele destaca a importância de revelar e reparar essa história, seja de forma simbólica ou monetária, para que ela não seja apagada.
O Banco do Brasil informou que sua equipe jurídica está analisando o documento enviado pelo MPF e fornecerá as informações necessárias dentro do prazo estipulado.
O inquérito busca trazer à tona a história do Banco do Brasil e sua relação com o tráfico de pessoas negras escravizadas, possibilitando uma discussão sobre as responsabilidades e a busca por reparação. O objetivo é resgatar essa história e pensar em caminhos para reparar as consequências desse período sombrio da história brasileira.