Furto de fios e cabos contribui para acidentes e mortes envolvendo eletricidade, aponta CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Furtos de Fios e Cabos da Câmara Municipal de São Paulo realizou uma reunião nesta quinta-feira (28/9) para discutir a comercialização e utilização de produtos fora dos padrões de qualidade. A CPI ouviu, como colaborador, o engenheiro Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).

Segundo dados da Abracopel, em 2022 foram registrados no Brasil um total de 1.828 acidentes envolvendo eletricidade, resultando em 686 mortes. Desse total, 101 acidentes foram causados por descargas atmosféricas, resultando em 39 óbitos; 874 incêndios foram decorrentes de sobrecarga de energia (curto-circuito), resultando em 55 mortes; e houve 853 acidentes com choque elétrico, resultando em 592 mortes.

O engenheiro Edson Martinho destacou que as principais vítimas dos incêndios são crianças e idosos, devido à dificuldade de locomoção e tomada de decisão. Além disso, a maioria das mortes por choque elétrico ocorreu na rede de distribuição e nas residências.

Questionado pelo relator da CPI, vereador Coronel Salles, sobre a possível correlação entre o furto de fios e cabos e os acidentes e mortes envolvendo eletricidade, Martinho afirmou que isso é “muito provável”. Ele explicou que os fios furtados são vendidos para recicladores, que por sua vez os vendem para fabricantes que não respeitam os padrões de qualidade. Isso resulta na produção de fios de má qualidade, aumentando o risco de acidentes.

Martinho também destacou a importância da conscientização e da fiscalização para minimizar a possibilidade de acidentes. Ele ressaltou que o cobre, material utilizado na fabricação de fios, possui um preço único no mercado, portanto não há motivo para a utilização de materiais mais baratos. Além disso, ele defendeu o fortalecimento dos órgãos responsáveis pela fiscalização e punição dos envolvidos nesse mercado ilegal.

O vereador Coronel Salles avaliou a reunião como positiva, destacando a identificação do vínculo entre o furto de fios e os receptadores, que vendem para empresas que fabricam fios falsificados. Ele ressaltou a gravidade dessa situação, com materiais de má qualidade sendo disponibilizados no mercado e oferecendo risco para as famílias. Salles também mencionou a falsificação do selo do Inmetro como mais um problema encontrado nesse mercado.

A reunião contou também com a presença do presidente da CPI dos Fios, vereador Aurélio Nomura, e do vice-presidente do colegiado, vereador Eli Corrêa. A discussão completa pode ser conferida no vídeo disponibilizado pela Câmara Municipal de São Paulo.

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