Pandemia da Covid-19 impacta negativamente a saúde, alimentação, educação e segurança das crianças da primeira infância na Maré.

A pandemia da covid-19 teve um impacto significativo nas crianças da Maré, complexo de 16 favelas localizadas na zona norte do Rio de Janeiro. Esse impacto foi especialmente sentido na primeira infância, que abrange crianças de 0 a 6 anos, afetando áreas como saúde, alimentação, educação e segurança. Essa é a conclusão do Diagnóstico Primeira Infância nas Favelas da Maré, divulgado pela ONG Redes da Maré.

De acordo com o relatório, a população de 0 a 6 anos na Maré representa 12,4% dos seus moradores, o equivalente a quase 15 mil crianças. A primeira infância é uma fase crucial para o desenvolvimento das crianças, e durante a pandemia foram realizados 2.144 questionários com as famílias, além de entrevistas com profissionais de redes de proteção e apoio à primeira infância.

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas famílias durante a pandemia foi a questão da alimentação. Segundo o relatório, 54,1% das famílias tiveram problemas com a alimentação, e em 11,8% dos domicílios algum familiar deixou de comer para garantir que não faltasse comida para as crianças. A ONG Redes da Maré desempenhou um papel importante no auxílio às famílias durante esse período, atendendo mais de 18 mil delas.

Outro aspecto preocupante é a violência. O relatório revela que 38,2% dos cuidadores afirmaram que as crianças já presenciaram algum tipo de violência, e que as operações policiais ocorreram próximo a escolas e creches em 62% dos casos. Isso teve consequências como perda de aulas, redução do desempenho escolar e prejuízos ao brincar, afetando diretamente o desenvolvimento das crianças.

No campo da educação, é necessário ampliar o acesso aos espaços de desenvolvimento infantil e creches, uma vez que as políticas públicas voltadas para a primeira infância são insuficientes para atender à demanda na Maré. Além disso, é fundamental levar em conta o caráter prioritário das crianças, garantindo que elas tenham acesso aos direitos básicos, como saneamento básico, lazer, cultura e transporte.

O relatório também destaca a importância de considerar as formas de cuidado adotadas nas favelas e periferias, onde predominam as mulheres como principais cuidadoras das crianças. Além disso, é necessário ampliar o atendimento na área da saúde, com mais unidades básicas e especialidades médicas, além de investir em programas de formação nas clínicas da família da Maré.

Diante desse panorama, é fundamental que o Estado atue de forma responsável e menos moralista, garantindo o acesso aos direitos das crianças na Maré e promovendo políticas públicas que realmente atendam às suas necessidades. A ONG Redes da Maré desempenhou um papel importante no diagnóstico e no auxílio às famílias, mas é necessário continuar trabalhando para melhorar a realidade dessas crianças e garantir um desenvolvimento saudável e seguro para elas.

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