CCJ debate propostas de reforma tributária e recebe sugestões para aprimorar os impactos nas finanças dos estados

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizou ontem, quarta-feira (27), mais uma audiência pública para discutir as propostas de reforma tributária, dessa vez com foco nos impactos das emendas sobre as finanças dos estados. Os debatedores presentes apontaram que as propostas representam um avanço, mas também fizeram sugestões para aprimorar alguns pontos.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da PEC 45/2019, foi o responsável por dirigir a audiência, que contou com a presença de autoridades e especialistas no assunto. Dentre os participantes, o secretário de Finanças do estado de Rondônia, Luis Fernando Pereira da Silva, compareceu representando o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz).

Luis da Silva elogiou a iniciativa do Congresso Nacional pela “modernização importante” da reforma tributária, mas destacou que a proposta pode ser melhorada. Em sua opinião, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) é importante para promover o equilíbrio da distribuição de investimentos produtivos no país, mas os estados entendem que é necessário o aporte anual de R$ 75 bilhões de reais, valor acima do previsto de R$ 40 bilhões.

Outra sugestão apresentada foi a inclusão de regras de transição, garantindo que nenhum estado registre perda de recursos. Além disso, Luis da Silva ressaltou a importância de se dar atenção às questões de autonomia federativa, composição do Conselho Federativo e aspectos do desenvolvimento regional.

A procuradora-geral do estado de Mato Grosso do Sul, Ana Carolina Ali Garcia, também participou da audiência e defendeu a autonomia da representatividade. Ela sugeriu mudanças no Conselho Federativo para prever compartilhamento de competências entre as administrações tributárias, além de estabelecer o Supremo Tribunal Federal (STF) como órgão competente para julgar as diferenças entre os entes federativos.

De acordo com o pesquisador Sergio Wuff Gobetti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a reforma tributária pode representar um incremento no crescimento econômico do país de até 20% ao longo de duas décadas. Além disso, Gobetti destacou a importância de um peso menor dos impostos sobre as camadas mais pobres da população e a necessidade de evitar a ampliação dos tratamentos diferenciados.

Já o secretário de Fazenda do Ceará, Fabrizio Gomes, ressaltou os méritos das mudanças no sistema tributário, mas destacou a necessidade de estabilidade financeira e a recomposição dos fundos de participação dos estados (FPE) e dos municípios (FPM).

Durante a audiência, também foi proporcionada a participação popular. O senador Eduardo Braga destacou algumas das mensagens recebidas pelo portal e-Cidadania. As preocupações dos cidadãos envolviam um possível aumento de impostos, a equalização do pagamento de impostos e a taxação de grandes fortunas e lucros.

Em resumo, a audiência pública promovida pela CCJ foi importante para aprofundar o debate sobre as propostas de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. As sugestões apresentadas pelos participantes irão contribuir para aprimorar as propostas e garantir um sistema tributário mais eficiente e justo para todo o país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo