Repórter São Paulo – SP – Brasil

Gestão Tarcísio de Freitas descontinua estudo sobre impacto das câmeras corporais na Polícia Militar de São Paulo. Programa fica sem avaliação externa.

O governo de São Paulo, sob a gestão Tarcísio de Freitas, decidiu interromper um estudo científico que avaliava o impacto das câmeras corporais no comportamento dos policiais militares do estado. A primeira edição do estudo, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a pedido do governo paulista, demonstrou melhorias no desempenho dos batalhões que utilizavam esse equipamento. No entanto, após a transição do governo de Rodrigo Garcia para o de Tarcísio, a continuação da pesquisa foi rejeitada pela nova gestão estadual.

Essa decisão deixou o maior programa de câmeras portáteis em atividades policiais do país sem uma avaliação externa sobre sua efetividade. Enquanto isso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) estabeleceu uma parceria com a FGV e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para pesquisar o uso de tecnologia na área de segurança, mas a análise das câmeras corporais foi excluída do escopo do convênio.

Questionada sobre o assunto, a Polícia Militar afirmou que o estudo realizado no ano passado já tinha cumprido seu objetivo e que não havia previsão para sua continuação. A PM também mencionou que está realizando estudos para expandir o programa para outras regiões do estado e implementar melhorias no sistema, mas não informou quando esses estudos serão concluídos.

A primeira fase da pesquisa evidenciou uma redução nas mortes e um aumento na produtividade quando as câmeras corporais eram utilizadas pelos policiais. Por exemplo, houve um aumento de 102% nos registros de casos de violência doméstica e de 24% nas apreensões de armas de fogo. Além disso, não houve um aumento significativo no número de flagrantes, mas houve uma melhora no registro de crimes subnotificados, como casos de violência doméstica.

Os resultados do estudo indicam que as câmeras corporais desempenharam um papel fundamental na redução do uso excessivo da força policial. No entanto, para dar continuidade à pesquisa nos mesmos moldes, seria necessário ter acesso a dados que a polícia não divulga, como as áreas patrulhadas pelos batalhões com câmeras e os boletins de ocorrências feitos pelos policiais durante o expediente.

Enquanto isso, a gestão Tarcísio tem sido criticada pela falta de utilização das câmeras, especialmente durante a Operação Escudo na Baixada Santista. Essa ação policial, a maior deste ano, enfrentou denúncias de execuções, ameaças e casos de tortura. Segundo o Ministério Público de São Paulo, as imagens das câmeras corporais mostram apenas 3 dos 16 casos iniciais de confrontos com criminosos na Operação Escudo. O número de mortes causadas pela polícia aumentou neste ano na região de Santos, Guarujá e São Vicente.

Diante disso, espera-se que o governo paulista reveja sua decisão e retome a continuação do estudo sobre o uso das câmeras corporais pelos policiais militares. Essa avaliação externa é fundamental para entender a efetividade do programa e buscar meios de aprimorá-lo. Além disso, é importante garantir a transparência e a prestação de contas à população sobre as ações de segurança pública implementadas pelo governo, especialmente quando se trata de tecnologias que podem impactar diretamente o trabalho policial e a segurança da sociedade.

Sair da versão mobile