Desmistificando os estereótipos indígenas: uma nova narrativa do indígena do século 21

Por muitos anos, a imagem que os não indígenas tinham dos povos indígenas era distorcida e baseada em estereótipos reproduzidos em livros, novelas e noticiários. Esses retratos caricatos e simplificados não refletiam a realidade dos nossos povos, corpos, costumes, línguas e crenças. A história era contada apenas pelo lado do colonizador, resultando em uma visão limitada e preconceituosa.

Quem não se lembra de estar na escola, no dia 19 de abril, e receber um desenho de um indígena caricato para pintar? E depois, pintar o rosto com tinta guache e fazer adereços de EVA para usar na cabeça, como se fossem as penas das araras, e dançar a música da Xuxa, “vamos brincar de índio”? Essa representação deturpada e simplificada não condiz com a realidade dos povos indígenas.

Os brasileiros em geral não têm culpa de não conhecerem os povos indígenas. O processo colonizador ainda nos invisibiliza como sociedade, compartilhando preconceitos e estereótipos nas escolas, novelas e jornais. Mas, agora, no século 21, os brasileiros têm a oportunidade de aprender com os indígenas do presente. O mundo mudou, e nós também mudamos. Não paramos no tempo, nos adaptamos e resistimos.

Existem mais de 305 povos indígenas no Brasil, em todos os biomas e estados, com mais de 274 línguas diferentes. Somos diversos e múltiplos, e cada povo tem sua própria cultura, língua e tradição. Somos cerca de 1,7 milhões de pessoas, de acordo com o último censo.

Utilizamos a tecnologia a nosso favor, principalmente para desconstruir, desmistificar, descolonizar e denunciar tudo relacionado à causa indígena e ambiental. Pela primeira vez, estamos sendo protagonistas em nossas próprias narrativas, tanto nos territórios indígenas quanto nas cidades. Não há problema em ser indígena e usar tecnologias como o iPhone, frequentar a universidade, ocupar cargos no ministério, na política ou em qualquer outro espaço. Ser indígena vai além do tempo, do lugar e do espaço, é a nossa identidade.

Questionar a nossa identidade com base em estereótipos é nos colonizar. É agir com racismo e não aceitar que os indígenas possam ter ou ser qualquer coisa.

É importante ressaltar que este texto representa a opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião do veículo.

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