Pesquisa TIC Educação 2022 revela avanço na conectividade das escolas brasileiras, porém falta de dispositivos compromete acesso dos alunos à internet

A pesquisa TIC Educação 2022, divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), revela que as escolas brasileiras estão mais conectadas após a pandemia, porém, ainda há uma falta de dispositivos para acessar a internet. De acordo com o estudo, 94% das escolas possuem internet, mas apenas 58% têm equipamentos como computadores, notebooks, desktops e tablets para uso dos alunos.

A educação foi um dos setores mais afetados pela pandemia no Brasil, com as escolas fechadas por cerca de 1 ano. Durante esse período, foram adotadas formas de educação remota, com e sem o uso de tecnologia, para alcançar os estudantes.

A pesquisa mostra um aumento no percentual de escolas conectadas em relação a 2020, início da pandemia. Naquele ano, 98% das escolas de ensino fundamental e médio em áreas urbanas tinham conexão com a internet, número que subiu para 99% em 2022. Nas áreas rurais, a porcentagem aumentou de 52% para 85% no mesmo período. Entre as escolas públicas, o percentual passou de 78% para 93%, enquanto nas escolas particulares foi de 98% para 99%.

No entanto, ter disponibilidade de internet não é suficiente. É necessário que as escolas tenham equipamentos para acessá-la. Segundo a pesquisa, 86% das escolas públicas estaduais possuem notebooks, desktops ou tablets para uso dos alunos, indicando que 14% não possuem esses dispositivos. Nas escolas municipais, essa porcentagem cai para 49%, e nas áreas rurais é ainda menor, 38%. Já nas áreas urbanas, o número sobe para 78%. Entre as escolas particulares, 80% possuem equipamentos para uso dos alunos.

A pesquisa também aponta um aumento na velocidade da internet nas escolas. No início da pandemia, apenas 22% das escolas públicas estaduais e 11% das municipais tinham velocidade de conexão igual ou superior a 51 megabits por segundo (Mbps). Nas escolas particulares, esse número era de 32%. Atualmente, 52% das escolas estaduais, 29% das municipais e 46% das particulares possuem velocidade de conexão de 51 Mbps ou mais.

A velocidade e qualidade da internet são importantes para realizar atividades educacionais. No ano passado, o Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação (Gice) desenvolveu uma nota técnica que definiu que 1 Mbps por aluno é capaz de suprir a maioria das atividades escolares. Com base nesse parâmetro, as escolas públicas, que têm em média 118 estudantes no maior turno, deveriam contratar um plano de 100 Mbps.

A pesquisa também identificou outros desafios enfrentados pelas escolas, como a localização do sinal de internet em salas mais distantes do roteador, a capacidade limitada da internet para suportar muitos acessos simultâneos e a qualidade da conexão, que muitas vezes fica comprometida. Além disso, os alunos apontaram dificuldades como a não utilização da internet pelos professores em atividades educacionais, proibição do uso do celular e proibição do acesso à internet.

A formação de professores também foi abordada na pesquisa, com 75% deles mencionando a falta de um curso específico voltado para a adoção de tecnologias digitais nas atividades educacionais com os alunos. Metade dos professores afirmou que os alunos ficam dispersos quando há uso de tecnologias durante as aulas, enquanto 56% disseram ter participado de alguma formação continuada sobre o uso de tecnologias digitais.

A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010 e tem como objetivo analisar o uso e apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio por estudantes e educadores. O estudo foi realizado entre outubro de 2022 e maio de 2023, com entrevistas em mais de 1.300 escolas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo