Estudo revela mais de um milhão de infrações por lei seca no Brasil desde 2008, com aumento preocupante durante a pandemia.

Desde a implantação da Lei Seca em 2008, o Brasil tem enfrentado um desafio constante no combate à combinação de álcool e direção. Mesmo com uma legislação rigorosa, um estudo recente da Senatran revelou que, a cada hora, em média, oito motoristas são flagrados dirigindo após terem ingerido bebida alcoólica ou substâncias psicoativas no país. Isso resultou em mais de um milhão de infrações de trânsito registradas desde então.

O relatório intitulado “Lei Seca no Brasil: panorama nos últimos 15 anos” será apresentado no Ministério dos Transportes, em Brasília, e revela diversos aspectos sobre o comportamento dos motoristas infratores. Além de traçar o perfil desses condutores e identificar os estados e capitais com maior número de ocorrências, o estudo também destaca problemas na fiscalização e na integração de dados.

De acordo com o estudo, as infrações relacionadas à alcoolemia têm aumentado gradualmente desde a implantação da lei, com um pico em 2019, antes do início da pandemia de Covid-19, quando foram registradas aproximadamente 130 mil autuações em todo o país. Embora os registros tenham diminuído nos anos seguintes, ainda estão abaixo dos níveis anteriores.

O relatório aponta que sexta, sábado e domingo são os dias da semana com maior número de flagrantes, representando quase 60% do total. Isso se deve ao fato de as operações de fiscalização da Lei Seca serem mais intensificadas nos fins de semana, quando o consumo de álcool é mais comum. No entanto, o estudo ressalta que ainda há condutores que se aproveitam da redução da fiscalização em outros dias da semana para dirigirem sob o efeito de álcool.

A faixa etária mais comum entre os infratores é de 30 a 40 anos, representando 30% das infrações. Além disso, 80% dos motoristas autuados são homens e 91,3% são proprietários dos veículos. O relatório indica que há registros de infrações cometidas por estrangeiros, brasileiros naturalizados e brasileiros nascidos no exterior.

Outro ponto destacado no estudo é a necessidade de discutir a fiscalização de motoristas profissionais, inclusive os que circulam em estradas e áreas rurais. Além disso, o relatório ressalta que apenas 9,8% dos municípios brasileiros não registraram qualquer infração relacionada à Lei Seca nos últimos 15 anos, demonstrando a abrangência do problema em todo o país.

A Polícia Rodoviária Federal é o órgão com o maior número de autuações, evidenciando a importância do trabalho realizado por esse órgão no combate à combinação de álcool e direção. Para os especialistas, é fundamental intensificar as medidas de fiscalização e promover campanhas educativas constantes para conscientizar a população sobre os riscos desse comportamento.

O relatório destaca a necessidade de integração das bases de dados e o uso de ferramentas mais eficientes para análise das informações. Além disso, aponta a importância de uma base nacional de registros de fiscalização e sugere a criação de um painel permanente para monitoramento da Lei Seca no Brasil.

Em suma, apesar dos esforços empreendidos para combater a combinação de álcool e direção, os resultados ainda são preocupantes. É necessário intensificar a fiscalização, implementar medidas mais eficientes e conscientizar a população sobre os riscos dessa prática. A Lei Seca deve ser encarada como uma prioridade de ação por parte dos gestores de trânsito, visando garantir a segurança de todos os usuários das vias públicas.

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