Em 2017, o 3º Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado pela Fiocruz, mostrou que apenas 1,1% das pessoas entre 12 e 65 anos haviam consumido alucinógenos ao longo da vida. No 2º Levantamento Nacional de Álcool e Outras Drogas da Unifesp, de 2012, o uso de alucinógenos foi relatado por 0,9% dos adultos.
No entanto, um levantamento realizado em 2010 pela UFBA para a Secretaria Nacional de Política sobre Drogas apontou uma taxa de consumo de 7,6% de alucinógenos entre universitários das 27 capitais brasileiras. Essa cifra se aproxima dos resultados encontrados pelo Datafolha.
Em comparação com os Estados Unidos, o contato com substâncias alucinógenas é menor. De acordo com o Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde de 2021, apenas 2,6% dos americanos relataram consumo de alucinógenos no ano anterior.
Essa disparidade nos números pode ser explicada pelas diferenças metodológicas entre as pesquisas. Enquanto o Datafolha permitiu respostas espontâneas e múltiplas, os levantamentos anteriores utilizaram perguntas específicas sobre tipos de alucinógenos.
Além disso, há uma confusão na terminologia utilizada para se referir às drogas. Muitas pessoas ainda associam o termo “alucinógeno” a outras substâncias, como maconha e álcool, o que pode contribuir para a imprecisão dos resultados.
Os psicodélicos são compostos que provocam alterações na consciência e percepção. Dentre eles estão o LSD, a ayahuasca e os cogumelos “mágicos”. Essas substâncias atuam no neurotransmissor serotonina e podem causar distorções na percepção do tempo e manifestações visuais.
A pesquisa do Datafolha também mostrou que 62% dos brasileiros já ouviram falar sobre psicodélicos. Esse número é maior do que o encontrado nos Estados Unidos, onde 47% dos americanos declaram ter algum conhecimento sobre essas substâncias.
No entanto, quando se analisa a lista de substâncias indicadas pelos entrevistados, fica evidente a confusão existente. Além dos psicodélicos, outras drogas, como maconha, cocaína e crack, foram mencionadas como sendo alucinógenos, o que não é correto.
Essa imprecisão nos conhecimentos sobre drogas pode influenciar na forma como são tratadas e na percepção de seus impactos na saúde. Os psicodélicos apresentam baixo potencial de causar dependência química e possuem perfil toxicológico mais seguro do que outras substâncias, como cocaína e opioides.
Além disso, pesquisas recentes têm indicado que o MDMA e a psilocibina podem ser promissores no tratamento de transtornos como estresse pós-traumático e depressão refratária. No entanto, a possível regulamentação dessas substâncias como adjuvantes de psicoterapia pode enfrentar obstáculos devido ao preconceito social em relação às drogas.
O renascimento psicodélico na medicina depende não apenas de avanços científicos, mas também da superação de estigmas e da compreensão adequada sobre os efeitos e benefícios dessas substâncias.