CGU identifica irregularidades e indícios de fraudes em auxílios emergenciais pagos no governo Bolsonaro durante período eleitoral.

Um relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontou irregularidades e indícios de irregularidades nos auxílios emergenciais pagos pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado. O relatório indica que as inconformidades se concentraram durante o período eleitoral, entre agosto e outubro de 2022, nos pagamentos dos auxílios Brasil, Caminhoneiro e Taxista. De acordo com o documento, 84% dos auxílios criados em 2022, o equivalente a R$ 7,7 bilhões de um total de R$ 11,75 bilhões pagos ao longo do ano, foram pagos nesse período.

O ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, destacou que cerca de 3,7 milhões de pessoas foram impactadas pelos auxílios durante o período eleitoral. No caso do auxílio Taxista, quase 80% dos beneficiários não tinham direito ao auxílio, resultando em um prejuízo de R$ 1,4 bilhão em pagamentos indevidos. Já em relação ao Auxílio Caminhoneiro, o relatório identificou 110 mil beneficiários que não se enquadravam no perfil adequado, gerando um valor indevidamente pago de R$ 582 milhões. Segundo a CGU, os auxílios foram direcionados para o período eleitoral sem nenhum estudo prévio de critérios de elegibilidade.

Além das irregularidades nos auxílios, a CGU também encontrou problemas na concessão de crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil. Segundo o relatório, quase a totalidade dos contratos, 93%, foram firmados no mês de outubro de 2022, durante as eleições. Três milhões de beneficiários contrataram empréstimos consignados, principalmente na Caixa Econômica Federal, com juros muito superiores aos praticados para outros segmentos, como trabalhadores do serviço público, iniciativa privada e beneficiários do INSS. Além disso, 46 mil famílias tiveram descontos indevidos no benefício, totalizando R$ 8,4 milhões.

O ministro Carvalho ressaltou que as pessoas impactadas por essas irregularidades são vulneráveis do ponto de vista da renda, e tiveram juros cobrados significativamente maiores do que outros grupos que têm acesso ao crédito consignado. As inconformidades apontadas pela CGU revelam graves falhas nos processos de pagamento dos auxílios emergenciais e na concessão de crédito consignado, suscitando questionamentos sobre a transparência e a eficácia dessas medidas adotadas pelo governo.

É importante ressaltar que o governo Bolsonaro tem sido alvo de críticas em relação à gestão dos programas sociais e à utilização dos recursos públicos. O relatório da CGU reforça a necessidade de uma fiscalização rigorosa e eficiente para garantir que os recursos públicos sejam utilizados de maneira adequada e beneficiem verdadeiramente aqueles que mais precisam.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo