Reflexões sobre o uso de linguagem capacitista são discutidas em roda de conversa sobre inclusão de pessoas com deficiência.

No dia 20 de setembro, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo promoveu a roda de conversa “Linguagem e comunicação não capacitista na prática” no Museu da Inclusão, na capital paulista. O evento faz parte da programação do Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro. Diversos profissionais participaram do encontro e refletiram sobre o uso de linguagem ou expressões capacitistas, que além de reforçarem o preconceito, ampliam as dificuldades enfrentadas diariamente por pessoas com deficiência.

Segundo Marcos da Costa, secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo, a linguagem capacitista diminui a condição de cidadãos das pessoas com deficiência, evidenciando uma cultura que ainda não enxerga sua plena capacidade. A forma como nos dirigimos a essas pessoas é fundamental para construir uma imagem de cidadania. Expressões como “deu uma de João sem braço”, “como cego em tiroteio” ou “portador de necessidades especiais” são exemplos de linguagem capacitista, que diminuem e estereotipam as pessoas com deficiência.

Ana Clara Schneider, fundadora e diretora executiva da agência Sondery, uma consultoria de acessibilidade criativa, explica que a linguagem capacitista reforça preconceitos relacionados à deficiência. Essa linguagem pode ocorrer de duas formas: a superação, em que são impostas expectativas de que a pessoa com deficiência precisa se esforçar mais, ou o vitimismo, que infantiliza e trata as pessoas com deficiência como coitadas. É importante reconhecer que essa linguagem é estrutural e vem do imaginário popular, e que, para superá-la, é necessário um processo de conscientização e aprendizado.

Silvana Pereira Gimenes, coordenadora do programa de Emprego Inclusivo da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, ressalta que o uso dessa linguagem decorre de um imaginário que precisa ser combatido. Ela destaca a importância de ouvir as pessoas com deficiência, de se policiar para eliminar expressões capacitistas do vocabulário e de promover a inclusão por meio de uma educação que valorize e respeite a diversidade.

Eliminar o capacitismo na linguagem não é um processo pontual, mas um esforço contínuo. A acessibilidade deve ser intencional e consistente. É fundamental reconhecer que a deficiência é apenas uma característica, e não uma limitação. Valorizar as pessoas por sua individualidade e capacidade é primordial, e todos saem ganhando quando se utiliza uma linguagem inclusiva e respeitosa. Essa mudança de perspectiva é essencial para desmontar estereótipos e construir uma sociedade mais igualitária.

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