Um exemplo desse movimento é a Casa do Nando, localizada no centro do Rio de Janeiro. O proprietário, Fernando Luiz dos Santos, explica que o conceito de quilombo vem das pessoas e se refere ao movimento contemporâneo de “aquilombar” para resgatar a cultura negra e afrodiaspórica. Ele destaca a importância desses espaços para ajudar as pessoas negras a entenderem que não estão sozinhas e a combaterem o racismo.
Além de promover atividades culturais, a Casa do Nando também participa de iniciativas relacionadas aos egressos do sistema carcerário, oferecendo oportunidades e mostrando que é possível construir uma nova história.
O modelo de quilombo cultural pode ser encontrado em diversas outras capitais brasileiras. No Distrito Federal, a Casa Akotirene promove oficinas, cursos e apresentações musicais, além de ter um trabalho voltado para mulheres negras, como ações de saúde mental e combate à pobreza menstrual.
Em Salvador, está a Casa Preta, que há dez anos oferece um espaço cultural alternativo com apresentações musicais, teatro, dança, seminários e debates.
Na cidade de São Paulo, existem pelo menos três quilombos culturais. O Aparelha Luzia, localizado na região central, é um ponto de encontro da juventude negra, enquanto a Casa Amarela representa não só a cultura negra, mas também aspectos da cultura indígena. Já o Quilombaque, em Perus, oferece uma biblioteca e aulas de culinária afro, além de atividades como congada, maracatu e grupos de jongo.
Os fundadores do Quilombaque, Cleiton Ferreira, conhecido como Fofão, destaca a importância do aquilombamento para pensar o desenvolvimento territorial da região de Perus e suprir a falta de espaços culturais nos bairros da região. Ele ressalta que o quilombo é um resgate da cultura negra, incentivando a luta contra o racismo e oferecendo outras possibilidades de vida.
Em resumo, os quilombos culturais têm surgido como uma alternativa para promover a autoestima e preservar tradições da comunidade negra. Através de atividades culturais, esses espaços buscam combater o racismo cotidiano, promover a união entre as pessoas negras e fortalecer a identidade e resistência da comunidade. Em diversas capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, esses quilombos culturais têm se espalhado, oferecendo um espaço seguro e de acolhimento para a comunidade negra.