Recentemente, uma celebridade foi pega de surpresa ao descobrir uma traição por parte de seu namorado, Chico Moedas. A notícia ganhou destaque em diversos veículos de mídia, que viram nesse fato uma oportunidade de conquistar cliques e seguidores ávidos por fofocas. No entanto, é preciso questionar: quando o mundo se tornou um lugar onde qualquer assunto vira motivo para intermináveis textões virtuais que, embora pretendam ser eruditos e sociológicos, acabam por se tornar indigestos?
É verdade que portais, revistas e programas de TV precisam de manchetes sensacionalistas para atrair um grande número de leitores e espectadores. Essa é uma estratégia compreensível, mesmo que medíocre. Entretanto, chamou minha atenção o fato de que mulheres com formação acadêmica sólida e vasto conhecimento literário são atraídas pelo mesmo sensacionalismo, perdendo tempo e energia para escrever análises sociológicas e filosóficas sobre a traição de uma celebridade que, provavelmente, irá lucrar com sua exposição na mídia.
É curioso perceber como revistas como “Caras” e “Cult”, que antes viviam em universos completamente separados em bancas de jornal, agora parecem ter se misturado em uma espécie de amalgama grotesco. E isso se deve, em grande parte, aos textões nas redes sociais, nos quais é possível encontrar tanto manchetes sensacionalistas quanto tentativas refinadas de discurso acadêmico sobre temas banais.
Alguns podem argumentar que é importante debater o patriarcado e outras questões sociológicas, mas nem tudo merece esse esforço. Às vezes, é simplesmente uma perda de tempo tentar filosofar sobre a mesquinhez humana, que está presente em todos nós. Todos já traíram, já foram babacas e já sofreram por traição. Quantos textos foram escritos sobre essas situações?
É válido refletir sobre a importância do assunto. Simone de Beauvoir, por exemplo, provavelmente não escreveria uma obra filosófica impactante após ver algumas celebridades chorando em um programa de TV. É necessário separar o que realmente merece ser discutido em profundidade do que é apenas uma distração passageira.
No final das contas, cada um decide onde direcionar seu tempo e energia. Mas é importante lembrar que existem questões mais relevantes e urgentes para debater e refletir. Será que vale a pena gastar tanto tempo discutindo a traição de uma celebridade quando existem problemas mais sérios em nossa sociedade?