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Defensora da inclusão: Mãe de duas crianças autistas luta por educação adequada e recursos para pessoas com deficiência

No desenvolvimento da criança, o acesso à educação e a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente escolar desempenham um papel fundamental. Essa é a opinião de Ariene Pereira Menezes, vendedora e fundadora do Gappa (Grupo de Apoio a Pais e Profissionais de Pessoas com Autismo). Além disso, Ariene é mãe de duas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e também foi diagnosticada recentemente com o transtorno.

A história de Ariene começou quando seu filho mais velho, Chryslander, foi matriculado na Escola Municipal Áurea Bicalho, localizada na região leste de Juiz de Fora, Minas Gerais. Na época, a instituição não contava com um professor de apoio para auxiliar o aluno com autismo severo. Após manifestações da mãe e pressão, a escola conseguiu disponibilizar uma estagiária para acompanhar Chryslander até a chegada de um professor.

No entanto, Ariene percebeu que a escola não estava preparada para fazer a adaptação curricular adequada ao seu filho. Ela suspeitava que ele tinha discalculia, mas acredita que ele não foi incentivado da forma correta na época. Somente no ano passado, Chryslander teve uma excelente professora de apoio, que conseguiu ensiná-lo matemática de maneira eficiente.

Ariene também tem outra filha, Khyara, de seis anos, que começou a estudar na creche aos quatro. No início, a criança teve algumas dificuldades, pois a sala contava com quatro alunos autistas e apenas uma professora de apoio. Após conversas com a escola, ela conseguiu garantir que as dificuldades de Khyara não passassem despercebidas, para que pudessem ser trabalhadas pelas terapeutas.

O caçula, Benício, ainda em processo de avaliação, também tem acesso a terapias e estímulos para seu desenvolvimento. Ariene ressalta que todo esse suporte só é possível devido ao plano de saúde do seu trabalho, já que muitas pessoas não têm acesso a terapias, principalmente no sistema de saúde pública.

Mas não foram apenas os filhos de Ariene que foram diagnosticados com TEA. Recentemente, ela mesma recebeu o diagnóstico tardio. Ao estudar sobre o transtorno para cuidar de seus filhos, Ariene percebeu que algumas de suas características se assemelhavam a comportamentos típicos de pessoas com autismo. Por ter tido uma educação rígida na infância, ela aprendeu a camuflar seu comportamento ao longo dos anos.

Agora, com acesso a terapia e medicação, Ariene está afastada do trabalho em um shopping devido à ansiedade generalizada e depressão. Ela considera voltar a se relacionar e ressalta a importância de falar sobre o autismo adulto de alto funcionamento, já que muitas vezes as pessoas duvidam do diagnóstico.

No caso de Ariene e seus filhos, a luta pela inclusão e o acesso à educação tiveram resultados positivos. Porém, é importante ressaltar que nem todos têm acesso a essas oportunidades, principalmente no sistema público de saúde. A destinação correta de recursos e profissionais é essencial para garantir que todas as pessoas com deficiência tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades sociais, motoras, emocionais e intelectuais.

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