A OMS classifica a hipertensão como uma “assassina silenciosa”, pois ela geralmente não apresenta sintomas evidentes. Isso leva a uma baixa adesão da população ao tratamento, o que pode resultar em graves consequências à saúde, incluindo acidentes vasculares cerebrais (AVC), ataques cardíacos e danos renais. O impacto dessa condição é devastador e exige maior atenção dos governos.
Uma das informações chocantes reveladas pelo relatório é que apenas um em cada cinco hipertensos recebe tratamento adequado em todo o mundo. No entanto, se houver um aumento na cobertura do tratamento, a OMS estima que cerca de 76 milhões de mortes, 120 milhões de casos de AVC, 17 milhões de casos de insuficiência cardíaca e 79 milhões de ataques cardíacos poderiam ser evitados até 2050.
No Brasil, o relatório revelou que uma pessoa com hipertensão tem uma probabilidade de 15% de morrer prematuramente. Em 2019, foram registradas 381 mil mortes devido a doenças cardiovasculares, sendo que 54% dessas pessoas sofriam de hipertensão. A OMS espera que até 2040, 365 mil vidas brasileiras sejam salvas se mais de 40% dos casos de hipertensão forem controlados. Atualmente, apenas 33% desses casos estão sob controle no país.
Segundo o relatório, o estilo de vida é o principal fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão. Uma dieta rica em sal, a falta de exercícios físicos e o consumo excessivo de álcool são alguns dos fatores modificáveis que contribuem para o surgimento dessa condição. A cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aponta o consumo exagerado de sal como o maior culpado pela alta incidência de hipertensão no Brasil. Atualmente, os brasileiros consomem em média 12 gramas de sal por dia, enquanto a recomendação da OMS é de no máximo 5 gramas.
Para combater esse problema, é necessário uma política de saúde que foque na diminuição do consumo de sal e no controle da obesidade. Isso requer uma abordagem multiprofissional, envolvendo nutricionistas, educadores físicos e médicos para promover mudanças no estilo de vida da população e o devido tratamento para aqueles que já sofrem com a hipertensão.
A divulgação desse relatório pela OMS ressalta a urgência de ações governamentais e atenção individual na prevenção e controle da hipertensão. É preciso criar políticas de saúde mais eficazes e investir em educação sobre hábitos saudáveis para evitar que essa doença continue ceifando vidas silenciosamente. A conscientização da população é fundamental para combater esse problema e garantir uma vida saudável para todos.