Desigualdades raciais afetam acesso à saúde e produzem impactos negativos na qualidade de vida da população negra, aponta estudo do Cedra.

No Brasil, o cuidado com a saúde é um direito essencial que deveria ser garantido a todas as pessoas. No entanto, a realidade é que a cor da pele tem sido um fator determinante para a manutenção da saúde ou a produção de doenças, refletindo o racismo estrutural em nossa sociedade. É o que apontam os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, divulgados recentemente pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra).

Segundo o estudo, crianças negras têm duas vezes menos chances do que crianças brancas de realizar exames básicos como os testes da orelhinha e do olhinho. Além disso, 70% das mulheres negras com 18 anos ou mais nunca fizeram exame clínico de mamas, em comparação com mulheres brancas. Já entre as mulheres de 50 a 69 anos, 36% das negras nunca fizeram mamografia, enquanto que entre as brancas esse percentual é menor. As gestantes negras também enfrentam mais dificuldades para realizar as consultas pré-natal recomendadas.

O levantamento do Cedra, que utilizou estatísticas oficiais e registros administrativos, revela as desigualdades de acesso à saúde e os impactos negativos na qualidade de vida da população negra no Brasil. Essas desigualdades não são casos isolados, mas sim parte de um cenário mais amplo de iniquidades que afetam também indicadores de renda, escolaridade e ocupação.

A situação da população negra na saúde sempre foi precária, porém agora esses problemas estão ganhando mais visibilidade com base nos indicadores disponíveis. O direito à saúde se tornou uma das grandes reivindicações dos movimentos negros, o que culminou na criação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em 2006. Porém, urge a retomada dessas políticas, principalmente diante do desmonte de políticas públicas promovido pelo governo anterior.

O racismo sistêmico no Brasil também afeta o acesso a tratamentos, medicamentos e serviços de saúde, além de influenciar até mesmo o consumo de alimentos saudáveis. O estudo evidencia que negros consomem menos verduras e legumes do que brancos. Além disso, há disparidades na realização de exames básicos de rotina e condições de trabalho prejudiciais à saúde da população negra.

É essencial promover políticas públicas de saúde voltadas para a população negra desde a mais tenra idade até a velhice. Além disso, é importante conscientizar a sociedade sobre essas desigualdades e combater o racismo estrutural que perpetua essa situação. O acesso aos serviços de saúde e o cuidado da saúde física e mental são direitos fundamentais e devem ser garantidos a todas as pessoas, independentemente da cor da pele.

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