Ucrânia acusa Rússia de usar “terrible mentira” sobre genocídio como pretexto para invasão, em argumento na CIJ.

A Ucrânia apresentou seu caso perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU em Haia, acusando a Rússia de usar uma “terível mentira” para justificar a invasão do país. De acordo com Anton Korynevych, representante ucraniano na corte, a Rússia alegou a necessidade de impedir um suposto genocídio para iniciar sua intervenção militar na Ucrânia. Korynevych afirmou que o Estado russo está abusando da Convenção sobre Genocídio, que foi criada para proteger, e que, ao invés disso, a Rússia está utilizando esse pretexto para destruir cidades, bombardear civis e deportar crianças de suas casas.

O representante ucraniano solicitou à CIJ que se estabeleça que possui jurisdição para julgar o caso em sua totalidade e, eventualmente, decidir que a Rússia deve pagar indenizações pela invasão sob um falso pretexto. Korynevych questionou se um Estado pode usar falsas alegações de genocídio como justificativa para cometer crimes contra a população civil e se o tribunal é impotente diante do abuso da Convenção sobre Genocídio. De acordo com ele, a resposta a essas perguntas deve ser “não”.

Na segunda-feira, a Rússia solicitou que a CIJ rejeitasse o caso, argumentando que os argumentos legais apresentados pela Ucrânia eram “irremediavelmente falhos”. A Ucrânia apresentou o caso à corte após a invasão russa ocorrida em fevereiro do ano passado. Kiev alega que a Rússia está abusando do direito internacional ao utilizar o genocídio como uma desculpa para sua intervenção militar no leste ucraniano.

Em uma decisão preliminar em março do ano passado, a CIJ já havia se posicionado a favor da Ucrânia, ordenando que a Rússia interrompesse imediatamente suas ações militares no país. No entanto, até o momento, a Rússia tem ignorado as ordens da CIJ sem que o tribunal possua meios para fazer cumprir suas decisões. Caso a corte decida a favor da Ucrânia no caso completo, isso poderá abrir caminho para o pagamento de indenizações.

As audiências para o caso estão previstas para acontecer até o dia 27 de setembro, com foco nos argumentos legais sobre jurisdição. A expectativa é de que o tribunal demore vários meses para decidir se o caso pode seguir adiante. É importante ressaltar que a reprodução deste conteúdo é proibida.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo