Esse evento, chamado Fim de Semana de Ação dos ODS, foi realizado antes da Cúpula, o principal fórum de discussão dos líderes globais sobre essa agenda. Durante o evento, tive a honra de participar de um painel de debate ao lado do secretário-geral, Antônio Guterres. Falamos sobre o papel das organizações da sociedade civil no apoio, acompanhamento e cobrança dos governantes para acelerar o cumprimento dos ODS até 2030, prazo estabelecido oito anos atrás.
A energia e a expectativa presentes na sala da ONU eram palpáveis. Membros das Nações Unidas, governos e líderes globais de organizações da sociedade civil, incluindo jovens e mulheres líderes, estavam presentes, falando sobre diversidade e equidade. Foi uma demonstração poderosa do poder da sociedade civil global. No entanto, também ficou claro que ainda há pessoas ausentes, e devemos incluir a todos se quisermos construir um mundo justo e sustentável.
A sociedade civil desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da Agenda 2030 e continuará sendo essencial para sua implementação. Em tempos de incertezas e crises, nosso papel se torna ainda mais crítico e deve ser ampliado. Para isso, é necessário que a sociedade civil também preste contas e pratique aquilo que prega. Devemos buscar soluções baseadas em dados, evidências e direitos, garantindo que nossas propostas estejam realmente voltadas para o interesse público, especialmente das pessoas excluídas e marginalizadas.
Além disso, é preciso ocupar espaços formais de participação e usar ferramentas disponíveis para responsabilizar os governos e promover ação. Isso inclui monitorar o Legislativo e criar campanhas de comunicação e instrumentos de defesa e litigância. No entanto, essa não é uma tarefa fácil em um momento em que o espaço cívico está se fechando em todo o mundo e a sociedade civil muitas vezes é vista como uma ameaça.
Para combater esse fechamento do espaço cívico, é essencial construir alianças que envolvam pessoas que pensam de maneira diferente. Devemos estabelecer conexões entre setores e disciplinas, mesmo quando achamos que não temos nada em comum. A transparência, a prestação de contas e a responsabilidade são princípios comuns a todos os lados e devem ser valorizados.
Se quisermos fortalecer um multilateralismo eficaz e inclusivo, é fundamental incluir vozes e representações das organizações não governamentais nos mais altos níveis de participação. Temos um caminho desafiador e incerto pela frente, mas o bem-estar das pessoas, do planeta e das futuras gerações depende do cumprimento dos ODS e do equilíbrio da relação entre as pessoas e a natureza. Isso só será possível com o trabalho árduo e a contribuição central da sociedade civil.