Copom inicia reunião para reduzir a taxa Selic diante da queda da inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou nesta terça-feira (19), em Brasília, a sexta reunião do ano para decidir sobre a taxa básica de juros, a Selic. Devido à significativa queda da inflação nos últimos meses, é esperado que o órgão reduza a Selic, que atualmente está em 13,25% ao ano, para 12,75% ao ano. Essa seria a segunda redução desde agosto, quando o BC interrompeu o ciclo de aumento dos juros.

No comunicado da última reunião, realizada no início de agosto, o Copom destacou que os diretores do BC e o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, concordaram, por unanimidade, com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. A pesquisa mais recente do Boletim Focus também indica um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica, embora algumas instituições financeiras projetem um corte maior, de até 0,75 ponto percentual. A expectativa do mercado é que a Selic encerre o ano em 11,75% ao ano. A decisão será anunciada pelo Copom nesta quarta-feira (20).

A ata da última reunião do Copom também ressaltou que a evolução do cenário econômico e a queda acentuada da inflação forneceram a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de redução da taxa de juros. Após uma série de comunicados mais rígidos no início do ano, nos quais não descartava a possibilidade de aumentar a taxa Selic, o Copom mudou de posicionamento devido ao comportamento dos preços.

Apesar da redução da inflação, o Copom alertou que alguns preços ainda estão subindo ou caindo menos do que o previsto. Segundo o órgão, a redução dos juros será feita de maneira cautelosa.

A forte desaceleração dos índices de preços nos últimos meses tem levado a uma queda nas expectativas de inflação. De acordo com o último Boletim Focus, a estimativa de inflação para este ano diminuiu de 4,93% para 4,86%. No entanto, em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,23%, puxado principalmente pelos setores de habitação e saúde. Apesar do aumento em relação a julho, o índice ficou abaixo das previsões devido à queda no preço dos alimentos. Com esse resultado, o IPCA acumula alta de 3,23% no ano e de 4,61% nos últimos 12 meses.

A taxa Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas da economia. É o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, busca conter o aquecimento da demanda, o que reflete nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Por outro lado, além da Selic, os bancos também levam em consideração outros fatores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas, na hora de definir as taxas de juros cobradas dos consumidores.

A expectativa ao reduzir a Selic é que o crédito fique mais barato, estimulando a produção e o consumo, o que consequentemente reduz o controle da inflação e impulsiona a atividade econômica.

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas econômicas do Brasil e do mundo, bem como o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formados pelos diretores do BC, analisam as possibilidades e definem a taxa Selic.

Para este ano, a meta de inflação que o BC deve perseguir, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite mínimo é de 1,75% e o máximo é de 4,75%. As metas são de 3% para 2024 e 2025, com o mesmo intervalo de tolerância. A meta para 2026 será definida neste mês. No último Relatório de Inflação divulgado pelo BC no final de junho, foi reconhecida a possibilidade de um leve estouro da meta de inflação este ano, com a estimativa de que o IPCA atinja 5%. O próximo relatório será divulgado no final de setembro.

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