Avaliações nos Jogos da Juventude fornecem dados para estudos sobre as novas gerações do esporte brasileiro

A edição deste ano dos Jogos da Juventude terminou no último sábado, após duas semanas de competição intensa em Ribeirão Preto, São Paulo. No entanto, para os profissionais do Centro de Avaliação e Monitoramento, o trabalho está apenas começando. Durante o evento, eles coletaram dados dos cerca de 4 mil participantes, e agora chegou o momento de analisar e comparar essas informações, que servirão de base para estudos sobre as novas gerações do esporte brasileiro.

A estrutura utilizada para a coleta de dados foi montada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) no Centro de Eventos Taiwan, onde também acontecia a área de convivência dos atletas. Os avaliadores utilizaram métodos como antropometria, que é o estudo das medidas e dimensões corporais, além de avaliar a potência dos membros superiores e inferiores, agilidade e corrida. Vale ressaltar que esses avaliadores são os mesmos que realizam testes com esportistas olímpicos e das seleções de base no Centro de Treinamento do Time Brasil, no Rio de Janeiro.

De acordo com Felipe Lucero, supervisor de Ciência e Tecnologia Esportiva do COB, a iniciativa de criar um banco de dados com as informações coletadas nos Jogos da Juventude começou em 2019. O objetivo é fornecer referências para os professores compararem seus atletas com os melhores do país na mesma faixa etária. O conceito principal é que esses testes possam ser reproduzidos nas escolas, utilizando materiais simples e baratos.

Desde 2019, mais de 10 mil jovens que participaram dos Jogos da Juventude tiveram suas informações compiladas. Alguns atletas participaram de mais de uma edição do evento e foram analisados em momentos diferentes. O estudo será dividido por idade, sexo, modalidade, região e estado, e os primeiros resultados serão apresentados no início de 2024.

Lucero ressalta a importância desse estudo para os professores, que muitas vezes têm uma percepção empírica distorcida dos seus atletas, pois os comparam apenas com os alunos do seu próprio grupo. Com a referência dos melhores atletas em idade escolar, eles poderão ampliar sua visão e identificar talentos que possam precisar de um olhar mais atento para um desenvolvimento mais efetivo.

A coleta de dados nos Jogos da Juventude visa obter uma compreensão mais profunda de como esses jovens atletas conseguem chegar ao nível olímpico. Nomes renomados do esporte brasileiro, como Sarah Menezes, Darlan Romani, Hugo Calderano e Etiene Medeiros passaram pela competição de jovens e hoje são profissionais de destaque em suas modalidades. O estudo permite observar como esses atletas se destacaram ao longo do tempo e identificar outros jovens com potencial semelhante.

Lucero enfatiza que o caminho até uma Olimpíada é longo e multifatorial, e que os dados coletados não garantem que um jovem atingirá o nível olímpico. No entanto, eles fornecem indícios fortes que podem servir como referência no futuro. O objetivo do COB é expandir cada vez mais a base de dados, realizando esse trabalho a cada nova edição dos Jogos.

No ano que vem, os Jogos da Juventude serão realizados em Blumenau, Santa Catarina, e em 2025, o evento será sediado em Brasília. Com a continuidade da coleta de dados e análises, espera-se que o esporte brasileiro possa identificar e desenvolver os futuros talentos olímpicos do país.

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