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Atuação repressiva e aumento da letalidade: Os desafios enfrentados pela Polícia Rodoviária Federal sob a gestão de Bolsonaro

A atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem enfrentado desafios no patrulhamento e fiscalização dos 71 mil quilômetros de rodovias federais sob sua responsabilidade. Tradicionalmente reconhecida pelo bom preparo técnico e de inteligência, a corporação passou a priorizar o combate ao tráfico de drogas nas últimas décadas, especialmente durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, nos últimos anos, a atuação da PRF tem se destacado por operações com alta letalidade e casos de mortes, que vão contra o propósito inicial da instituição. Entre essas situações, podemos destacar a morte de Genivaldo, que foi asfixiado em uma viatura policial em 2022, e a morte de Heloisa Silva, uma menina de 3 anos baleada em uma ação da PRF no Rio de Janeiro.

A PRF foi criada em 1928, por meio de um decreto que determinava a criação da Polícia das Estradas. A intensa movimentação na rodovia Rio-Petrópolis naquele período exigia uma fiscalização sistemática, e foi assim que surgiram os primeiros inspetores de tráfego. Ao longo dos anos, a PRF ganhou proeminência e foi incluída na Constituição Federal em 1988 como parte do sistema de segurança pública.

Embora não tenha alcançado o mesmo prestígio da Polícia Federal, a PRF tem ganhado destaque ao longo da última década devido a investimentos em tecnologia e fiscalização, com foco especial nas apreensões de drogas ilegais. A corporação também tem passado por mudanças institucionais, que a aproximam do modelo ostensivo e repressivo de comando especiais e táticos, como o Bope da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Esse fenômeno de mimetismo institucional não se restringe apenas à PRF, mas também atinge outras corporações policiais, desde as estaduais até as guardas municipais. Essas mudanças acontecem tanto pelos próprios quadros das corporações quanto pela tentativa de atender às demandas da sociedade, incluindo o aumento das mortes violentas no país.

Decisões políticas têm contribuído para o distanciamento territorial e institucional da PRF em relação às rodovias. Portarias do Ministério da Justiça e Segurança Pública, durante as gestões de Sergio Moro e André Mendonça, permitiram a atuação conjunta com outras forças policiais e o cumprimento de mandados de busca e apreensão.

O pesquisador Luís Flávio Sapori acredita que o governo de Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), deve mudar a trajetória da PRF e afastar o uso político da corporação. Entre as prioridades estão a escolha criteriosa dos comandos nacionais e regionais, mudanças na formação dos agentes para reforçar a identidade preventiva e de inteligência, e uma atuação dura em relação a desvios.

Em resumo, a PRF tem enfrentado desafios em sua atuação nas rodovias federais, incluindo operações com alta letalidade e casos de mortes. O uso político da corporação e o mimetismo institucional também têm afetado a forma como a PRF se posiciona e atua. É esperado que o governo Lula promova mudanças para restabelecer a identidade preventiva e de inteligência da corporação, priorizando a segurança nas estradas.

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