Comerciantes locais relatam uma queda significativa no movimento, que hoje não chega a 10% do que já foi. Joseph Riachi, lojista na região há quase 40 anos, afirma que as pessoas têm medo de vir para a rua Santa Ifigênia devido à insegurança. A migração dos dependentes químicos tem aumentado a tensão no bairro e episódios de violência se tornaram comuns. Mesmo com o deslocamento da cracolândia para outras ruas após protestos de comerciantes, o público ainda não retornou e as lojas permanecem fechadas.
De acordo com a união dos lojistas, o faturamento do comércio caiu em média 40% desde que a cracolândia foi dispersada no ano passado. Geraldo Barbosa, lojista na Santa Ifigênia há 30 anos, afirma que antes a presença dos dependentes químicos não causava tantos problemas, mas a situação atual é como uma “enxurrada” de problemas.
Em agosto, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de isenção de IPTU para algumas ruas da região, como forma de tentar ajudar os comerciantes. A prefeitura afirma estar articulando ações de segurança com o governo estadual e intensificando o patrulhamento da Guarda Civil Metropolitana na região.
A rua Santa Ifigênia possui uma história de comércio especializado que remonta há mais de um século. Antes de se tornar referência em eletrônicos, a via vendia artigos luxuosos para a elite paulista. Com o tempo, o comércio se diversificou e, a partir dos anos 1980, a Santa Ifigênia se tornou uma referência internacional em produtos eletrônicos.
A inauguração do antigo terminal rodoviário da Luz em 1961 foi um marco para a região, trazendo um maior movimento e serviços. No entanto, também acelerou o processo de desvalorização e degradação do bairro. A desativação do terminal em 1982 e as mudanças no perfil do bairro, atraindo prostituição e tráfico de drogas, contribuíram para o esvaziamento da área.
Autoridades têm tentado revitalizar e valorizar a região ao longo das décadas, com a criação de equipamentos culturais e projetos urbanísticos. No entanto, até o momento, os investimentos públicos não alcançaram os resultados esperados.
A situação da rua Santa Ifigênia reflete a complexidade dos desafios enfrentados pelas áreas centrais das grandes cidades. A busca por soluções envolve não apenas a segurança pública, mas também políticas de inclusão social, revitalização urbana e valorização do patrimônio histórico-cultural. Enquanto isso, os comerciantes da Santa Ifigênia continuam trabalhando com dificuldades, na esperança de que a situação melhore e a rua volte a brilhar como antes.
