Repórter São Paulo – SP – Brasil

Mormonismo: A fé composta que se tornou uma potência mundial, com 17 milhões de adeptos em todo o planeta

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida popularmente como igreja dos mórmons, distribuiu um folheto no qual Joseph Smith, o fundador da instituição, é retratado como “um profeta de Deus”. Este material descreve Smith como um homem bem-vestido, elegante e branco, com cabelo castanho claro, olhos azuis e semblante altivo. No entanto, a pergunta que surge é: como um filho de um sitiante de Vermont conseguiria criar uma nova denominação cristã nos Estados Unidos do século 19?

De acordo com especialistas, além das visões que Smith afirmava ter, o contexto norte-americano desempenhou um papel importante. No século 19, os Estados Unidos foram palco do surgimento de diversos grupos religiosos classificados como seitas na época, sendo que a igreja fundada por Smith se destacou por se transformar em uma potência mundial. Segundo o relatório estatístico mais recente divulgado pela própria igreja, existem atualmente 17 milhões de adeptos em todo o mundo, com mais de 226 mil membros apenas no Brasil, colocando o país em terceiro lugar no ranking de países com maior número de mórmons, atrás apenas dos Estados Unidos e do México.

Para o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes, o mormonismo é um “produto tipicamente americano”, uma religião composta que combina elementos do cristianismo, judaísmo, islamismo e do paganismo antigo. Além disso, o mormonismo teve a capacidade de se adaptar e se modificar ao longo do tempo, ressignificando ou omitindo determinadas crenças e práticas. Um exemplo disso é a crença de que Adão e Eva viveram no Jardim do Éden, próximo à região do Missouri.

A história de Joseph Smith começa quando ele era um adolescente que buscava respostas sobre qual igreja deveria seguir. Aos 14 anos, segundo relatos oficiais dos mórmons, Smith teria recebido uma resposta divina em uma visão na qual Deus e Jesus Cristo apareceram a ele. Eles teriam afirmado que todas as igrejas existentes na época estavam erradas e corruptas. Anos mais tarde, em uma nova revelação, Smith teria sido instruído por um anjo chamado Morôni a encontrar um livro de ouro que continha a história dos antigos habitantes das Américas. Esse livro seria conhecido como o Livro de Mórmon.

Smith traduziu o Livro de Mórmon para o inglês e afirmou que ele servia como uma atualização do Antigo e do Novo Testamentos da Bíblia. Segundo os mórmons, o Livro de Mórmon é considerado um “terceiro testamento”, com maior autoridade e relevância para a fé. Embora os supostos originais do livro não tenham sido preservados, os mórmons acreditam que ele é uma revelação divina.

No entanto, críticos apontam semelhanças entre algumas passagens do Livro de Mórmon e a tradução da Bíblia King James, sugerindo que Smith se baseou em textos bíblicos existentes para compor sua narrativa. Para os seguidores da igreja, o Livro de Mórmon representa uma revelação atualizada e inequívoca, enquanto a Bíblia fica em segundo plano.

Um exemplo dessa diferença de interpretação é a proibição mórmon do consumo de bebidas alcoólicas, mesmo que Jesus, de acordo com os relatos bíblicos, tenha consumido vinho e celebrado sua transformação em sangue durante a Última Ceia. Os mórmons defendem que a tradução do Livro de Mórmon é mais moderna e confiável do que a Bíblia.

Apesar das controvérsias e críticas, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continua a se expandir e a ganhar adeptos em todo o mundo. Sua história e doutrinas têm sido objeto de estudo e análise tanto por estudiosos religiosos quanto por aqueles interessados em compreender os diferentes movimentos religiosos que surgiram nos Estados Unidos do século 19.

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