Além dos produtos da sociobiodiversidade, como produtos medicinais, pintura indígena, chope de jatobá e coquinho azedo, a feira também oferece uma diversa programação cultural. Na noite de encerramento, as atrações são Teatro de Mamulengo Sem Fronteiras, Quilombo de Bom Sucesso dos Negros, mulheres indígenas Xavante, Baile da Miasinha e o grupo Pé de Cerrado.
Dentre os expositores, destaca-se a artesã Elizane Ramalho, natural da região do Jalapão, em Tocantins. Ela utiliza o capim dourado, uma espécie de sempre-viva encontrada nas veredas do Cerrado, para criar cestarias, biojóias e outros adornos. Elizane expressa seu orgulho em fazer parte desse artesanato e destaca a satisfação em criar peças que só dependem de sua habilidade e criatividade.
A feira também atraiu a atenção da bióloga Rosalia Baribieri, pesquisadora da Embrapa, que estava em Brasília a trabalho e aproveitou para conhecer o evento. Além de se encantar com o que viu, participou de oficinas de turbantes e de raizeiras do Cerrado. Rosalia ressalta a importância de conhecer os artesanatos das comunidades tradicionais e valorizar o trabalho feito por elas.
Desde sua primeira edição em 2001, o Encontro e Feira dos Povos do Cerrado tem sido um espaço de troca de experiências e articulações em defesa do bioma e de seus povos. O evento deste ano tem como tema “Cerrado: Conexão de Povos, Culturas e Biomas” e reúne aproximadamente 10 mil pessoas, incluindo representantes de comunidades quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco babaçu, geraizeiros, entre outros grupos tradicionais.
O Cerrado é considerado o berço das águas do Brasil, originando nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas mais importantes do país. Além disso, é o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia. Apesar de sua importância para a segurança hídrica e agrícola do país, o bioma tem sido um dos mais devastados nas últimas décadas, principalmente na região conhecida como Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Portanto, a realização do Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é fundamental para valorizar e conscientizar sobre a importância desse bioma e de seus povos.
