Seminário discute políticas públicas e direitos dos povos indígenas na Câmara Municipal de São Paulo

Na última sexta-feira (15/9), a Câmara Municipal de São Paulo se tornou palco de um importante seminário que teve como objetivo discutir políticas públicas e direitos dos povos indígenas que habitam a capital paulista. O evento foi organizado pelo vereador Hélio Rodrigues (PT) e contou com a presença de indígenas, indigenistas e apoiadores.

Um dos pontos discutidos durante o seminário foi o adoecimento dos indígenas. O médico indigenista Mário Sebastião Cabral apontou que a redução do território indígena e o empobrecimento da fauna e flora nesses locais têm contribuído para o surgimento de enfermidades. O médico explicou que essa redução impede que os indígenas desenvolvam suas atividades tradicionais, levando a uma falta crônica de trabalho. Quando tentam se inserir como trabalhadores, muitas vezes são submetidos a empregos precários e recebem salários inferiores, o que causa problemas relacionados à alimentação.

Além dos problemas de saúde física, o empobrecimento dos territórios também afeta a saúde mental dos indígenas. De acordo com o médico, a falta de perspectivas, a desigualdade social e o contato com o mundo não-indígena têm levado a altos índices de uso de álcool, drogas e suicídio, principalmente entre os adolescentes.

Na área de educação, a professora Jupiara Vieira ressaltou a importância de projetos de alfabetização bilíngue que respeitem a cultura indígena. Ela explicou que, na cultura guarani, as crianças só começam a aprender o português após os quatro anos, garantindo assim o fortalecimento e preservação da cultura. Para ela, é fundamental a existência de escolas especializadas, pois casos de etnias que se perderam sem esse trabalho já foram registrados.

A discriminação nas escolas não-indígenas também foi apontada como um problema pela professora. Ela relatou que muitos pais de alunos indígenas afirmaram que seus filhos sofriam bullying, o que resultou em evasão escolar. A Prefeitura realizou um trabalho para reintegrar esses alunos e também para desmistificar a cultura indígena.

A presidente do Conselho dos Povos Indígenas do Município de São Paulo, Avani Fulni-ô, destacou a importância de eventos como esse para promover o reconhecimento e a visibilidade dos povos indígenas. Ela ressaltou que o maior desafio é participar de debates, como o que ocorreu no seminário, com não indígenas “abrindo o nosso coração”.

Por fim, o vereador Hélio Rodrigues ressaltou a importância de trazer o tema para a discussão no Legislativo paulistano. Segundo ele, a cidade conta com uma população de mais de 15 mil indígenas, parte vivendo em áreas urbanas e parte em aldeias. Rodrigues acredita que é fundamental conhecer e respeitar as políticas públicas necessárias para esses povos, de forma a preservar suas tradições e costumes.

O seminário, que teve a participação de diversos indigenistas e especialistas na área, foi uma oportunidade única para discutir os problemas enfrentados pelos povos indígenas na cidade de São Paulo. Através dessa discussão, espera-se que sejam encontradas soluções efetivas para garantir os direitos e a qualidade de vida dessas comunidades.

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