Especialistas defendem revisão da obrigatoriedade de diploma para o exercício do jornalismo em meio ao combate à desinformação

A formação adequada para o exercício do jornalismo profissional é considerada por especialistas como um requisito básico para a veiculação de informações de qualidade e a luta contra a desinformação causada pelas fake news. Porém, desde 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu retirar a obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão, uma decisão que tem gerado debates e questionamentos.

No painel “Jornalismo e agências de checagem na defesa da democracia”, parte do seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia” promovido pelo STF em parceria com universidades públicas, especialistas destacaram a importância do diploma na formação adequada do jornalista. Marcos Urupá, Coordenador de Relações Institucionais da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), defendeu que o diploma é um elemento-chave para a valorização da profissão jornalística, destacando a histórica relação entre jornalismo e democracia no país.

A professora Juliana Marques, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), também ressaltou que o diploma é extremamente relevante para o exercício da profissão jornalística, mesmo que não seja mais obrigatório. Ela argumentou que, se a intenção é combater a desinformação, é necessário aprimorar o currículo dos cursos de jornalismo, e para isso o apoio do STF se faz indispensável.

O ministro do STF, Cristiano Zanin, destacou o papel fundamental do jornalismo e das agências de checagem de notícias na defesa da democracia e das liberdades individuais. Ele lembrou que os jornalistas seguem uma série de regras e critérios para a publicação de matérias, visando verificar a veracidade das informações.

Representante da agência de checagem Lupa, Natália Leal alertou para a importância de valorizar o trabalho do jornalismo como ferramenta de combate à desinformação. Ela ressaltou o crescimento da produção de conteúdo das plataformas dedicadas ao combate à desinformação desde que a Lupa começou a realizar a checagem de informações em 2015.

Diretora executiva da agência de checagem Aos Fatos, Tai Nalon explicou que suas análises de conteúdo visam combater tanto a desinformação, que é a informação errada sem intenção de causar dano, como a desinformação coordenada, que é planejada para causar algum tipo de dano. Ela destacou a existência de “profissionais da mentira” que manipulam conteúdos para promover suas próprias visões do mundo.

No contexto atual, em que há uma avalanche de postagens nas redes sociais sem preocupação com a veracidade dos fatos, o jornalismo profissional e a formação adequada dos jornalistas se tornam ainda mais essenciais para combater a desinformação e promover informações de qualidade. Portanto, é necessário revisar a decisão do STF sobre a obrigatoriedade do diploma, valorizando a formação acadêmica e os critérios éticos e profissionais que permeiam o jornalismo.

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