De acordo com o centro de monitoramento, um sistema frontal com características praticamente estacionárias foi o principal responsável pelas precipitações históricas que resultaram em inundações no centro-norte do Rio Grande do Sul. Cerca de 100 municípios gaúchos foram afetados. Uma frente fria, originada na Argentina e estacionada sobre o estado, juntamente com um sistema de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera, causou precipitações de aproximadamente 300 milímetros.
O centro de monitoramento destacou a dimensão do ocorrido, chamando a atenção para o fato de que choveu o dobro do histórico registrado para todo o mês de setembro em apenas 5 dias.
Um dos efeitos do El Niño no padrão climático regional da América do Sul é o aumento das chuvas no Sul do Brasil e a seca nas regiões Norte e Nordeste. O fenômeno altera o comportamento dos sistemas frontais, que são regiões onde massas de ar quentes e frias se encontram, e estão associados à ocorrência de chuvas.
Durante os anos de El Niño, as frentes frias tendem a se posicionar com maior frequência sobre a região Sul do Brasil, resultando em precipitações mais frequentes e intensas. Isso ocorre devido ao aumento de temperatura nas proximidades do Equador, que amplia a diferença de temperatura entre as latitudes equatoriais e polares, resultando em uma maior intensidade e estabilidade dos “jatos”, canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que influenciam o comportamento das frentes frias.
Assim, durante os anos do El Niño, os jatos tendem a se posicionar sobre a Região Sul, causando uma alta frequência de passagens frontais e, consequentemente, um maior acumulado pluviométrico na região.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais enfatiza a importância de estar preparado para a possibilidade de ocorrência de mais chuvas intensas e eventos climáticos extremos nos próximos meses na região Sul do Brasil, devido ao El Niño que ainda não atingiu sua intensidade máxima.