Coronel subordinado ao ex-ministro Braga Netto recebe R$ 25 mil de empresa investigada por corrupção no Gabinete de Intervenção no Rio

Um coronel da reserva que atuou sob o comando do general Walter Braga Netto recebeu um pagamento de R$ 25 mil da empresa CTU Security, que está sendo investigada por suspeita de corrupção no Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro. O coronel em questão, Robson Queiroz, foi nomeado para o Comando Militar do Leste a pedido de Braga Netto em 2016 e também atuou na intervenção de 2018 comandada pelo mesmo general.

A Operação Perfídia, deflagrada recentemente, investiga crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva, e organização criminosa supostamente cometidos por servidores públicos federais durante a contratação da CTU para aquisição de coletes balísticos. Estima-se que os coletes foram adquiridos com um sobrepreço de R$ 4 milhões.

Queiroz foi um dos alvos de busca e apreensão durante a operação, e o sigilo telemático de Braga Netto foi quebrado para a investigação. Em nota, o ex-interventor afirmou que os contratos do Gabinete de Intervenção Federal seguiram todos os trâmites legais previstos na legislação brasileira. Ele também ressaltou que a suspensão do contrato foi feita pelo próprio GIF após a identificação de supostas irregularidades nos documentos da empresa.

A defesa do coronel Queiroz não foi encontrada pela Folha. O Gabinete da Intervenção emitiu uma carta de crédito no valor de R$ 35,9 milhões para a CTU em janeiro de 2019, mas o contrato foi suspenso em setembro do mesmo ano devido a suspeitas na documentação da empresa. Mensagens no inquérito mostram que representantes da CTU entraram em contato com o general da reserva Paulo Roberto Corrêa Assis após a suspensão do contrato, buscando o apoio do militar para destravar o processo. Essas mensagens indicam que Assis citou sua proximidade com Braga Netto durante as negociações.

Segundo apurado pela Folha, o coronel Queiroz teria indicado o general Assis para a CTU, e ambos teriam recebido um pagamento de R$ 50 mil cada. Os depósitos foram feitos em setembro de 2019, quando Queiroz ainda ocupava um cargo no Comando Militar do Leste. Queiroz está na reserva remunerada desde 2002, mas foi nomeado para um cargo no Departamento de Engenharia e Construção do CML em dezembro de 2016, a pedido de Braga Netto. Posteriormente, ele se tornou adjunto da assessoria de Relações Institucionais do então comandante.

A nomeação de Queiroz no Gabinete de Intervenção não consta em documentos públicos, porém ele se apresentou como membro do gabinete em uma audiência pública em março de 2018. Áudios obtidos pela PF mostram que Queiroz afirmou ser da mesma turma de formatura da Academia das Agulhas Negras que Braga Netto, em 1978. A PF não conseguiu identificar a qual “general Sérgio” um dos envolvidos nas conversas se referia.

A investigação mostra que as conversas entre Queiroz e representantes da CTU continuaram até março de 2020, quando o coronavírus ainda estava começando a se espalhar. Nesse período, Queiroz pediu a um dos representantes o pagamento de uma passagem para Brasília, onde participaria de um jantar com Braga Netto. É importante ressaltar que o contrato com a CTU já estava suspenso e a empresa estava sendo investigada pelo governo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo