No último final de semana, aconteceu na Câmara Municipal de São Paulo o 2º Simpósio Nacional do Tumor Desmóide. O evento, organizado pela Associação Brasileira do Tumor Desmóide (ABTD) com o apoio do vereador Rinaldi Digilio, teve como objetivo conscientizar sobre a doença rara e atualizar médicos e pacientes sobre novos tratamentos, medicamentos e abordagens.
O tumor desmóide é uma condição localmente agressiva, que invade órgãos e tecidos vizinhos, mas não costuma apresentar metástases. No entanto, devido à sua agressividade, pode causar problemas ao paciente ao longo do tempo e tende a recorrer após o tratamento.
Durante o simpósio, médicos pesquisadores renomados foram convidados como palestrantes para compartilhar estudos e práticas relacionados ao tumor desmóide. O evento contou com a presença do Dr. Philippos Costa, médico pesquisador e residente de oncologia da Escola de Medicina da Universidade de Yale, que discutiu os tratamentos sistêmicos para o tumor desmóide.
O Dr. Costa explicou que, devido à alta taxa de recidiva após a cirurgia, a medicina adota uma abordagem de vigilância ativa em vez da remoção cirúrgica. Segundo ele, 90% dos casos de tumor desmóide estão relacionados a uma mutação na via da sinalização da proteína beta-catenina. Essa mutação resulta na ativação constante da proteína e na proliferação das células, levando à formação do tumor.
No entanto, o Dr. Costa ressaltou que em 70% dos pacientes, os tumores desmóides podem estabilizar ou até reduzir de tamanho espontaneamente. Já nos casos em que o tumor continua progredindo e está próximo de estruturas vitais, como o pescoço, o coração e as alças intestinais, é necessário adotar um tratamento ativo, que pode envolver cirurgia, ablação, radioterapia ou medicação.
Outra palestrante de destaque foi a Dra. Bruna David, médica pesquisadora do INCA, Oncoclínicas e GBS, que abordou a qualidade de vida do paciente com tumor desmóide. Ela ressaltou a importância de entender as necessidades e expectativas do paciente, bem como os impactos dos sintomas na rotina diária.
Segundo a Dra. Bruna, nem sempre a cirurgia é indicada, pois o tumor pode voltar de forma mais agressiva. Portanto, é fundamental alinhar os desejos do paciente com o controle da doença e o bem-estar. O objetivo é preservar a qualidade de vida mesmo com a convivência com uma doença crônica.
O simpósio também contou com a presença da cofundadora e presidente da ABTD, Carolina Menezes, e da cofundadora e vice-presidente, Georgia Garofalo. Ambas ressaltaram a importância de disseminar informações sobre o tumor desmóide e reunir estudos e práticas que possam garantir uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
O vereador Rinaldi Digilio também esteve presente no evento e destacou a importância de conscientizar a população sobre a doença. Ele apresentou um projeto de lei que visa instituir o dia 15 de setembro como o Dia Municipal de Conscientização do Tumor Desmóide, incluindo-o no calendário oficial de eventos da cidade. A proposta já foi aprovada em primeira votação em Plenário.
O Simpósio Nacional do Tumor Desmóide foi mais uma iniciativa importante para disseminar informações sobre essa doença rara e promover a atualização de médicos e pacientes sobre os avanços no tratamento. A conscientização e o conhecimento são fundamentais para garantir um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes com tumor desmóide.