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Ministério da Justiça encaminha ofício ao STF com solicitação de cooperação jurídica internacional na Operação Lava Jato na Suíça

O Ministério da Justiça encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício informando que localizou uma solicitação de cooperação jurídica internacional com a Suíça relacionada à Operação Lava Jato. O objetivo desse acordo era formalizar o recebimento de provas de um dos sistemas utilizados pela Odebrecht para o pagamento de propina. Essa descoberta acontece após o ministro do STF, Dias Toffoli, ter determinado a anulação de todas as provas obtidas a partir do acordo de leniência da empreiteira, alegando que não havia comprovação do pedido de assistência ao país europeu.

Essa recente descoberta pode fortalecer o questionamento da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em relação à decisão de Toffoli. A entidade argumenta que o ministro foi além dos limites legais e pede que os termos do acordo de leniência assinado pela Odebrecht não sejam anulados.

Na semana passada, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), ligado ao Ministério da Justiça, havia afirmado que não havia registros de uma solicitação formal feita pelos investigadores. Contudo, após uma nova pesquisa de dados, o órgão informou que descobriu o documento em questão, atribuindo a falta de registro anterior a um erro no número do processo.

Toffoli já havia mencionado anteriormente que a inexistência de formalização dos acordos de cooperação jurídica indicaria que os investigadores da Lava Jato teriam acessado clandestinamente o sistema “Drousys”, utilizado pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht para controlar os pagamentos de propina a políticos e autoridades. O ministro classificou as provas obtidas através do acordo de leniência da empreiteira como “imprestáveis”.

Stefan Lenz, ex-procurador responsável pelas investigações da Lava Jato na Suíça, afirmou ao jornal Estadão que não enviou ilegalmente para procuradores brasileiros nenhuma prova dos sistemas de propina da Odebrecht (Drousys e My Web Day).

Em resposta ao ofício do Ministério da Justiça, a entidade afirmou que, apesar de o pedido de cooperação jurídica internacional não ter sido realizado no contexto da ação originalmente informada, foi enviado um pedido para obtenção dos sistemas às autoridades suíças em junho de 2016, e em setembro de 2017, um pen drive contendo cópias dos referidos sistemas foi encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Portanto, a ANPR considera que a partir dessa data as provas em questão foram efetivamente transmitidas às autoridades requerentes.

É importante ressaltar que o pen drive com as cópias dos sistemas utilizados pela Odebrecht ficou disponível para os investigadores a partir de outubro de 2017, enquanto o acordo de leniência com a empreiteira foi firmado em dezembro de 2016. Dessa forma, houve um intervalo de dez meses entre a formalização legal da colaboração suíça e a obtenção dessas provas.

O Ministério da Justiça declarou que qualquer uso de informações ou provas anteriores à formalização do acordo constitui desrespeito aos trâmites legais da cooperação jurídica internacional. Até o momento, o STF não se pronunciou sobre o assunto.

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