De acordo com a parlamentar, a PMDF foi acionada três vezes no ano passado para remover o acampamento instalado em frente ao Quartel General do Exército. As ações estavam programadas para os dias 7, 13 e 29 de dezembro, mas foram suspensas por ordem do ex-comandante do CMP.
Durante seu depoimento, o general Dutra negou ter sido pressionado para manter o acampamento ou ter obstruído a desmobilização. No entanto, admitiu que recebeu uma ligação do general Freire Gomes no dia 29 de dezembro, solicitando que apenas militares do Exército acompanhassem servidores do governo do Distrito Federal na operação. A ação resultou apenas na remoção de barracas desocupadas.
A senadora Eliziane Gama confrontou o ex-comandante com informações de inteligência que apontavam para a prática de crimes dentro do acampamento, como a fabricação de uma bomba e a presença de militares da reserva armados. Ela questionou se o general Dutra recebeu alertas do Serviço de Inteligência do Exército (SIE) sobre tais atividades.
O general negou ter recebido qualquer comunicação do SIE e alegou que não cabia ao Exército julgar se a concentração em frente ao Quartel General era irregular. Segundo ele, a atuação do Exército se limita aos casos de crime militar, enquanto os demais ilícitos são responsabilidade dos órgãos de segurança pública em coordenação com as unidades militares adjacentes aos quartéis.
O acampamento na Praça dos Cristais durou 69 dias e chegou a reunir 100 mil pessoas em 15 de novembro de 2022. No dia 6 de janeiro, restavam apenas 200 manifestantes, mas esse número subiu para 5 mil dois dias depois. A operação de desmobilização efetiva só foi realizada após os ataques à Praça dos Três Poderes e a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirada do acampamento e prisão dos golpistas.
O general Dutra destacou que a operação foi adiada para evitar riscos à integridade física das pessoas, solicitando o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para realizar a ação pela manhã. Ele afirmou que o CMP contribuiu para que a operação fosse realizada com o planejamento adequado, a fim de evitar danos colaterais e derramamento de sangue.
O depoimento do general Dutra trouxe novas informações sobre a atuação do Exército em relação ao acampamento dos manifestantes golpistas em Brasília. Resta agora aguardar os desdobramentos da CPMI do 8 de Janeiro para esclarecer completamente os fatos e verificar possíveis responsabilidades.