Experiência de convívio com indígenas transforma vida de técnico indigenista da Funai

O técnico indigenista da Funai, Francisco dos Santos Magalhães, teve sua primeira experiência em uma aldeia indígena na década de 1970. Inicialmente relutante em ir, ele acabou se apaixonando pela vida na comunidade xavante e decidiu não voltar para a cidade. Hoje, com 66 anos, Chico, como é conhecido, se dedica ao trabalho na Funai e vive praticamente na aldeia.

Quando chegou à aldeia xavante, Chico trabalhava em um posto de combustíveis e foi enviado para cobrir o patrão que estaria ausente durante três meses. No entanto, a experiência não foi inicialmente positiva, e ele passou os primeiros três meses lamentando sua decisão de ir para a aldeia. Quando finalmente retornou à cidade, não conseguiu se adaptar e decidiu voltar para o convívio com os xavantes, onde permaneceu por dois anos.

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Durante seu tempo na aldeia, Chico aprendeu a língua xavante, adotou os costumes indígenas e presenciou diversas cerimônias. Sua vida mudou quando ingressou na Funai em 1979, e desde então tem acompanhado altos e baixos na população xavante. Ele testemunhou a redução do povo xavante para pouco mais de 5.000 membros, seguida pela deterioração da alimentação dos indígenas, resultando em problemas de saúde como diabetes.

Atualmente, a população xavante vem crescendo, apesar das perdas causadas pela pandemia de Covid-19. Chico ressalta a necessidade de um trabalho governamental que promova uma alimentação saudável e uma melhor qualidade de vida para os xavantes. Ele destaca o consumo excessivo de alimentos não tradicionais, como arroz, refrigerantes e produtos industrializados com alto teor de açúcar.

Por seu trabalho em prol dos indígenas, Chico recebeu a medalha de honra ao mérito indigenista em 2017, juntamente com outros nove indigenistas da Funai e o cacique Raoni. Além das aldeias em Canarana, Chico é responsável por outras cinco em Ribeirão Cascalheira.

Apesar de sua dedicação ao trabalho na Funai, Chico reconhece que sua esposa fica chateada com a falta de tempo que ele passa em casa. No entanto, ele se considera um servidor público comprometido e tem orgulho do trabalho que realiza. Ele planeja se aposentar em cinco anos.

A vida de Chico exemplifica o desafio e a gratificação de trabalhar em prol das comunidades indígenas. Sua experiência na aldeia xavante moldou sua visão e dedicação ao trabalho na Funai, onde busca promover uma melhor qualidade de vida para os xavantes e preservar suas tradições e cultura.

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