Ministério do Meio Ambiente lança consulta pública para combater desmatamento e queimadas no Cerrado

O Cerrado, um dos biomas brasileiros mais ricos em biodiversidade, é lar de uma vasta variedade de animais e plantas. Além das árvores com troncos retorcidos e grossos, é possível encontrar frutos como baru, cajuzinho do cerrado, pequi, mangaba, guabiroba, cagaita, buriti, araticum e murici. A fauna também é diversa, com animais como o lobo-guará, carcarás, tatus-canastra, veados-mateiros, raposas-do-campo, tucanos, araras, maritacas, seriemas, tamanduás-bandeira e até onças pintadas.

Além de sua rica biodiversidade, o Cerrado também é conhecido como o “berço das águas”, pois abriga as nascentes de três bacias hidrográficas do continente: as dos rios Araguaia, São Francisco e da Prata. No entanto, para preservar esse bioma, que é o segundo maior do Brasil e da América do Sul, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado (PP Cerrado).

Segundo o MMA, o plano apresenta quatro eixos estratégicos com 12 objetivos e 37 resultados esperados. Ele inclui a elaboração e implementação de programas e ações de apoio à bioeconomia, fortalecimento da fiscalização e destinação de terras públicas para proteção, conservação e uso sustentável dos recursos naturais. A meta do governo é alcançar o desmatamento zero até 2030 no Brasil.

Durante o lançamento do plano, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou a importância de buscar alternativas que promovam o desenvolvimento sustentável, mesmo com a atual legislação ambiental. Ela destacou a necessidade de um esforço conjunto entre os governos federal, estaduais e municipais para diminuir o desmatamento no Cerrado, assim como já ocorreu na Amazônia e na Mata Atlântica.

No entanto, o Cerrado enfrenta desafios únicos. Segundo a cientista Mercedes Bustamante, o bioma perde sua vegetação nativa cinco vezes mais rápido que a Amazônia. Ela aponta a atividade agropecuária na região como a principal responsável pelos impactos negativos ao bioma e ao meio ambiente. O engenheiro florestal Pedro Bruzzi defendeu a construção de soluções coletivas baseadas em informações oficiais, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), para o controle do desmatamento.

A participação social também é fundamental nesse processo. A organização social Rede Cerrado, que representa diversas populações que vivem no bioma, pede um novo modelo de desenvolvimento para a região, levando em consideração a segurança alimentar, hídrica e energética. O diretor da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura, Fernando Sampaio, destaca a importância de conciliar as agendas de desenvolvimento sustentável entre o poder público, as empresas privadas, a academia e a sociedade civil.

Durante a audiência, a ministra Marina Silva ainda recebeu uma carta com cerca de 700 assinaturas pedindo reforço na política hídrica do governo federal e valorização do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Marina lembrou que a ANA foi retirada do MMA e devolvida ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, mas ressaltou o compromisso do governo com a gestão correta dos recursos hídricos.

O Cerrado é um bioma único, e a preservação desse ecossistema é crucial para garantir a sobrevivência das diversas espécies que o habitam. Com o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado, o governo federal busca implementar medidas estratégicas para proteger e conservar esse importante bioma, promovendo o desenvolvimento sustentável e garantindo a preservação das águas e da biodiversidade para as futuras gerações.

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