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Escolas particulares de São Paulo promovem a diversidade racial e a educação antirracista para combater desigualdade educacional

No cenário atual, as escolas particulares ainda são caracterizadas pela presença majoritária de estudantes brancos de classe média e alta. No entanto, para combater essa desigualdade racial e promover uma educação antirracista, algumas instituições de ensino em São Paulo têm desenvolvido projetos e ações afirmativas.

Um dos principais projetos adotados pelas escolas é a criação de cotas ou bolsas de estudo para estudantes negros. A Escola da Vila, localizada no Butantã, implementou o projeto Ampliar em 2019, destinado ao ensino médio. O programa financia mensalidades, transporte, materiais, uniformes e saídas pedagógicas para 19 alunos participantes.

Além disso, a instituição passou a oferecer bolsas parciais para crianças negras na educação infantil em 2022, beneficiando oito estudantes com subsídios que variam de 70% a 90%. O Colégio Santa Cruz, localizado no Alto de Pinheiros, também adotou ações afirmativas, reservando vagas para alunos negros pagantes e concedendo bolsas parciais e integrais com base em critérios socioeconômicos. Atualmente, são 26 beneficiados, entre cotistas e bolsistas.

Outra escola que busca promover a diversidade racial e social é o Colégio Vera Cruz, que financia duas bolsas por turma ingressante na educação infantil e abre mais vagas conforme recebe doações. No momento, são 44 bolsistas matriculados na instituição. Já o Colégio Equipe, em parceria com movimentos de moradia do centro de São Paulo, oferece bolsas de estudos desde 2022 no ensino fundamental e médio para jovens negros que vivem em ocupações. Atualmente, 16 alunos são contemplados pelo programa.

Além da concessão de bolsas, as escolas também têm trabalhado para incluir as culturas afro-brasileiras nos currículos. O Colégio Santa Cruz, por exemplo, introduziu estudos sobre cultura e artistas negros, como o rapper Emicida, em seu programa escolar. A Escola da Vila conta com consultoria para auxiliar nas mudanças e criou um plano de ação antirracista, no qual os alunos estudam a biografia de personalidades negras e produzem trabalhos sobre literatura negra.

Apesar dos esforços realizados pelas instituições de ensino, especialistas afirmam que ainda são passos iniciais na promoção da educação antirracista. Para eles, é necessário questionar a representação das pessoas negras e a divisão de poder nessas escolas, além de implementar e executar um plano de ação antirracista efetivo.

As escolas mencionadas, como a Escola da Vila, o Colégio Santa Cruz, o Colégio Equipe e o Colégio Vera Cruz, já estão buscando contratar mais profissionais negros e ampliar a presença de palestrantes negros em suas instituições. Além disso, elas estão proporcionando formações antirracistas para seus profissionais e valorizando as culturas afro-brasileiras em seus currículos.

No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para garantir uma educação mais igualitária e antirracista nas escolas particulares. A mudança desse cenário depende não apenas das instituições de ensino, mas também de toda a sociedade, que precisa se conscientizar sobre a importância da diversidade e combater o racismo estrutural presente no sistema educacional.

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