Agricultura urbana cresce no Brasil, mas ainda é restrita, revela levantamento do Pnuma e FGVces

No Brasil, o interesse pela agricultura urbana e periurbana, que consiste em cultivar alimentos perto dos centros de consumo, tem crescido durante a pandemia. No entanto, apesar desse aumento, essa prática ainda é restrita no país.

Essas conclusões foram obtidas através de um levantamento realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces). O objetivo do estudo era traçar um panorama da agricultura urbana no Brasil.

O levantamento contou com a participação de 67 prefeituras, sendo 7 delas capitais, como Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. A maioria das respostas veio das regiões Sudeste e Sul, onde a prática da agricultura urbana já possui um histórico e é mais comum.

De acordo com Jay van Amstel, especialista em sistemas alimentares do programa TeebAgrifood/Pnuma, essa concentração de respostas nessas regiões também pode estar relacionada à alta concentração populacional e à presença de pessoas em situação de insegurança alimentar nas periferias das grandes cidades.

Apesar do aumento no interesse pela agricultura urbana, apenas 33% das cidades participantes do levantamento possuem leis municipais relacionadas ao tema e 28% incluem essa prática em seus planos diretores. A falta de regulamentação pode dificultar o desenvolvimento desses projetos, podendo resultar na destruição de iniciativas de plantação.

No entanto, alguns municípios têm se esforçado para conectar a agricultura urbana à população em situação de vulnerabilidade. O programa Hortas Cariocas, por exemplo, destina metade de sua produção à venda e a outra metade é doada para famílias em situação de vulnerabilidade, escolas e abrigos.

O levantamento também mostrou que há uma predominância do manejo agroecológico ou orgânico nas cidades participantes. Ainda assim, há preocupações sobre a possibilidade de “gourmetização” da agricultura urbana e o aumento dos preços dos alimentos.

Diante desse panorama, o Pnuma pretende ajudar o governo federal a compreender melhor as necessidades dos municípios que investem na agricultura urbana. Nesse sentido, será anunciado um edital de R$ 7 milhões para incentivar iniciativas na área de compostagem e agricultura urbana e periurbana.

Em resumo, o interesse pela agricultura urbana e periurbana tem crescido no Brasil durante a pandemia, mas ainda há desafios a serem superados. A falta de regulamentação, a concentração nas regiões Sudeste e Sul e a preocupação com a gourmetização são alguns dos pontos abordados no levantamento realizado pelo Pnuma e FGVces. O objetivo é promover uma agricultura mais sustentável e acessível, principalmente para pessoas em situação de vulnerabilidade.

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