O evento, intitulado Cerrado: Conexão de Povos, Culturas e Biomas, promete reunir mais de 10 mil pessoas, incluindo representantes quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco babaçu, geraizeiros, entre outros povos tradicionais. Essas comunidades, consideradas herdeiras dos “saberes ancestrais e tradicionais que guiam, há inúmeras gerações, o manejo das matas e paisagens que fazem dessa rica savana uma das regiões mais biodiversas do mundo”, segundo a publicação Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade.
A programação do evento, organizado pela Rede Cerrado, incluirá discussões sobre combate ao desmatamento, gestão dos recursos hídricos, filantropia para o Cerrado, apresentações culturais e feira de comercialização de produtos da sociobiodiversidade. Espera-se que cerca de 500 representantes de comunidades e povos tradicionais do Cerrado participem do encontro.
Além disso, como parte da mobilização política, haverá uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010, que visa incluir o Cerrado e a Caatinga entre os biomas considerados patrimônio nacional pela Constituição Federal. A abertura oficial do evento contará com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Estão previstas, ainda, oficinas, debates e mesas redondas sobre políticas públicas, mudança do clima, medicinas tradicionais, autodefinição e autodemarcação de povos e comunidades tradicionais, filantropia comunitária, entre outros temas. Diversos artistas e personalidades como Letícia Sabatella, Marcos Palmeira, Gregório Duvivier, Giovanna Nader e Maria Paula já confirmaram presença.
O Cerrado, conhecido como o berço das águas do Brasil, é responsável pela origem das nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas mais importantes do país. Além disso, é o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia. No entanto, apesar de sua importância para a segurança hídrica e agrícola do país, o Cerrado tem sido um dos biomas mais devastados nas últimas décadas, sobretudo na região conhecida como Matopiba.
A realização da feira é organizada pela Rede Cerrado, uma coalizão de 60 organizações e mais de 300 parcerias, com o objetivo de unificar esforços para conservar e valorizar a riqueza do bioma. O evento também conta com apoio de entidades como o Instituto Sociedade, População e Natureza, Instituto de Pesquisa da Amazônia, WWF Brasil, Instituto Cerrados, Instituto Terra Azul, Funatura e dos ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, além do Serviço Social da Indústria.