177 ativistas ambientais assassinados em 2022: um alerta preocupante para a defesa do meio ambiente globalmente

No ano de 2022, pelo menos 177 ativistas ambientais foram assassinados em todo o mundo, de acordo com um levantamento feito pela ONG Global Witness, sediada no Reino Unido. Isso equivale a uma pessoa sendo morta a cada dois dias por causa de sua atuação em defesa do meio ambiente e dos recursos naturais. O relatório divulgado pela organização na terça-feira revela que houve um total de 1.910 crimes do tipo registrados nos últimos dez anos.

Dentre os países mais violentos para os ativistas ambientais em 2022, a Colômbia liderou o ranking, com 60 assassinatos, o dobro do ano anterior. A maioria das vítimas no país são indígenas, membros de comunidades afrodescendentes e pequenos agricultores. Em segundo lugar está o Brasil, com 34 ataques letais, um aumento em relação aos 26 registrados em 2021. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é uma das fontes de dados sobre conflitos no campo no país.

O relatório destaca que a América Latina foi palco de 88% dos assassinatos de ativistas ambientais em 2022. Dos 18 países mencionados no relatório, 11 são latino-americanos. A crise climática e a crescente demanda por commodities agrícolas, combustíveis e minerais são apontadas como fatores que intensificam a pressão sobre o meio ambiente e sobre aqueles que defendem sua preservação.

No que diz respeito à impunidade, o relatório revela que a Colômbia ultrapassou o Brasil no número de ativistas mortos na última década, com 382 casos contra 376 registros brasileiros. Muitas das mortes registradas no Brasil permanecem sem solução. A consultora sênior da Global Witness no Brasil, Gabriella Bianchini, destaca a atuação do governo federal como um fator que contribui para o aumento da violência contra os defensores do meio ambiente.

Os setores econômicos associados aos assassinatos de ativistas ambientais variam, tornando difícil estabelecer ligações claras. No entanto, o relatório menciona o agronegócio, a mineração, a exploração madeireira, a construção de estradas, a caça e a geração de energia hidrelétrica como alguns dos setores por trás das mortes. As vítimas geralmente são indígenas, pequenos agricultores, afrodescendentes e também autoridades estaduais, manifestantes, guardas florestais, advogados e jornalistas.

A Amazônia também é destacada no relatório, com 1 em cada 5 assassinatos ocorrendo nessa região em 2022. A pesquisadora da Global Witness, Maria Leusa Munduruku, que denuncia há anos a extração ilegal de ouro na Terra Indígena Munduruku, pede mais proteção do Estado aos defensores do meio ambiente. Ela ressalta que essas pessoas não estão apenas defendendo suas casas e territórios, mas o ambiente que é importante para a sobrevivência de todo o planeta.

Diante do cenário preocupante, é urgente que medidas sejam tomadas para proteger os defensores do meio ambiente e garantir a punição dos responsáveis por sua violência e assassinato. A Conferência do Clima que será sediada pelo Brasil em 2025 em Belém é uma oportunidade para pressionar o novo governo e buscar soluções para esse grave problema.

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