Repórter São Paulo – SP – Brasil

Violência contra pessoas em situação de rua na Região Metropolitana de Curitiba é mapeada em estudo da PUC-PR. A maioria das ocorrências envolve violência física.

A violência contra as pessoas em situação de rua é um grave problema que tem sido cada vez mais evidenciado. Um estudo realizado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) analisou casos de violência contra essa população na Região Metropolitana de Curitiba, entre maio e novembro de 2021. Os resultados mostraram que a maioria das ocorrências envolveu violência física, demonstrando a vulnerabilidade dessas pessoas.

O levantamento foi feito com base em denúncias coletadas pelo Observatório Estadual de Direitos Humanos da População em Situação de Rua do Paraná, que foi criado neste ano através da colaboração de entidades sociais, grupos acadêmicos e conselhos profissionais. O estudo analisou 30 casos, mas alerta que esses números não refletem a totalidade das ocorrências, já que muitas violações de direitos não são denunciadas.

O estudo também apontou que as principais denúncias partiram de pessoas que estavam na rua entre seis meses e um ano, o que evidencia a maior propensão dessas pessoas a denunciar devido ao empobrecimento e à situação de vulnerabilidade. Por outro lado, aquelas que já estão há mais tempo em situação de rua muitas vezes já desistiram de procurar seus direitos.

Os dados mostraram também que a violência física foi a mais denunciada, seguida por casos de discriminação, violência psicológica, negligência e violência institucional. Essa última categoria engloba denúncias de abuso policial, abuso de autoridade, remoção forçada e superlotação de abrigos. O estudo destaca que as violências relacionadas aos equipamentos públicos são resultado da discriminação, negligência e violência institucional.

Os dados revelaram ainda que cinco casos envolveram mortes de pessoas em situação de rua, e em três deles as causas não foram identificadas. Um dos casos suspeita-se de hipotermia, e a vítima teve seus pertences tomados pela Guarda Municipal dois dias antes. O estudo ressalta a atuação da Guarda Municipal como autora de violações contra homens pretos em situação de rua.

O professor Rodrigo Alvarenga, orientador da pesquisa, destaca que as violações não são apenas abusos individuais, mas sim reflexo de uma abordagem higienista adotada pelo poder público em relação à população em situação de rua. Ele ressalta que servidores públicos e guardas são designados para remover essas pessoas, o que é uma violação de direitos.

Além disso, o estudo também analisou dados de outros levantamentos e constatou que a violência contra pessoas em situação de rua é um problema nacional, com registros de agressões, assassinatos e abusos em várias partes do país. O aumento da população em situação de rua nos últimos anos, principalmente durante a pandemia, evidencia a urgência de políticas públicas que garantam os direitos dessa população.

Em suma, o estudo realizado na PUC-PR revelou a grave situação de violência enfrentada pela população em situação de rua na Região Metropolitana de Curitiba. Os resultados apontaram para a predominância de violência física, discriminação e negligência, evidenciando a vulnerabilidade e exclusão dessas pessoas. É necessário que o poder público e a sociedade como um todo se mobilizem para enfrentar essa violência e garantir os direitos dessa população.

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