Hospitais privados enfrentam obstáculos e têm R$2,3 bilhões retidos em pagamentos por serviços prestados a operadoras de saúde.

Segundo um levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), hospitais privados enfrentam uma situação sem precedentes no Brasil. De acordo com o diretor-executivo da entidade, Antônio Britto, essas instituições estão com R$ 2,3 bilhões retidos em pagamentos por serviços já prestados a operadoras de saúde.

Esse montante refere-se a todos os procedimentos realizados por pessoas com convênio médico, desde atendimento de emergência e exames até internações. No entanto, devido às dificuldades enfrentadas pelas operadoras, elas têm criado obstáculos no processo de pagamento.

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) registrou um prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões em 2022, o pior resultado desde 2001. Até junho de 2023, o déficit já alcança R$ 4,3 bilhões e a previsão é que chegue a R$ 10 bilhões até o final do ano.

Os hospitais têm enfrentado barreiras como a definição de um único dia para lançar a fatura de um mês inteiro, além de um limite de pagamento mensal estabelecido pelas operadoras. Mesmo com autorização prévia para procedimentos, os hospitais têm enfrentado questionamentos sobre o que foi feito.

O índice de glosa, que é a análise de contas discutíveis pelas operadoras, quase triplicou, passando de 3,5% para 9%. Esse aumento não corresponde ao objetivo original da glosa, que é permitir a discussão de serviços questionáveis, e sim uma forma de as operadoras melhorarem seu caixa em detrimento dos hospitais.

Além disso, o prazo para os hospitais receberem pelos serviços prestados praticamente dobrou, o que tem causado grande dificuldade para as instituições.

Embora o levantamento da Anahp tenha ouvido apenas 48 hospitais, a entidade representa um total de 120 instituições. No entanto, existem mais de 3.500 hospitais privados no Brasil, e todos que prestam serviços a usuários de planos de saúde enfrentam a mesma situação.

O setor de saúde vive uma crise financeira sem precedentes, o que levou as operadoras a aumentarem os filtros diante dos pagamentos recebidos. Apesar do aumento no tempo de análise das contas, o dinheiro para o pagamento dos hospitais está reservado, mas alguns valores glosados não serão pagos e o prejuízo ficará com as operadoras.

Entre os motivos apontados para o rombo nas contas, estão as fraudes, o alto custo de terapias, o aumento da população idosa com convênio médico, a regra que permite um número ilimitado de terapias e a judicialização.

A Anahp reconhece a crise enfrentada pelas operadoras de saúde, mas defende que ela precisa ser solucionada com diálogo entre as partes. Segundo Britto, o problema não será resolvido isoladamente, com as operadoras transferindo o problema para os hospitais. É necessário encontrar uma saída para o setor como um todo. A comunicação entre as operadoras e os hospitais tem se mostrado mais madura atualmente, com ambos os lados buscando soluções para a crise.

Em meio a essa situação preocupante, é importante encontrar um equilíbrio entre a sustentabilidade financeira das operadoras e o pagamento justo pelos serviços prestados pelos hospitais. A falta de recursos na ponta pode comprometer a qualidade do atendimento e colocar em risco a saúde dos usuários de planos de saúde.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo