Cúpula do G-20 projeta imagem de potência global para Índia, mas desemprego e conflitos étnicos contradizem o cenário perfeito

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, está no centro das atenções enquanto o país preside o G-20 e se prepara para receber a cúpula do bloco em Nova Délhi. A Índia busca projetar uma imagem de nova potência global, a um ano da eleição. No entanto, problemas crônicos, como desemprego e conflitos étnicos, contradizem essa imagem impecável que Modi pretende pintar.

Em uma recente entrevista, Modi destacou a ambição do país, afirmando que a Índia possui democracia, demografia e diversidade, e agora está adicionando o quarto “D”: desenvolvimento. A Índia tem registrado um crescimento econômico acelerado e está escalando o ranking das maiores economias do mundo, disputando protagonismo com a China na Ásia. De acordo com projeções do Goldman Sachs, Nova Délhi deverá ficar atrás apenas de Pequim nas próximas cinco décadas.

Apesar dessa ascensão econômica, o país enfrenta desafios significativos. O desemprego é uma grande preocupação, especialmente entre os jovens indianos, que enfrentam uma alta competição por vagas de emprego, chegando a ter até 1.800 candidatos por vaga. Além disso, a inflação tem subido, atingindo o patamar mais alto em 15 meses, o que compromete ainda mais a renda da população.

A professora de políticas do desenvolvimento da Universidade de Oxford, Nikita Sud, ressalta que a Índia deveria estar muito preocupada com a falta de oportunidades. Apesar de ser uma das maiores economias do mundo, em termos de renda per capita, o país está no mesmo nível de nações como Timor Leste e Bangladesh, que em alguns aspectos têm um desempenho melhor.

Essa comparação com Bangladesh é significativa, uma vez que investidores internacionais também a fazem. Enquanto o desemprego atinge 23% dos jovens indianos, o índice é inferior a 13% no país vizinho. Sud ressalta que o aumento do PIB não beneficia pessoas com poder de compra limitado e os mais jovens, que têm muita dificuldade para encontrar emprego.

Diante desses desafios, Modi tem apelado ao populismo e ao nacionalismo para manter o apoio da população. No entanto, ele também é acusado de incentivar a perseguição contra minorias muçulmanas e cristãs. Organizações como a Human Rights Watch têm denunciado a deterioração dos direitos civis e políticos na Índia sob o governo de Modi, que promove um discurso de ódio e ataca minorias religiosas.

A Índia enfrenta ainda outros conflitos, como o que ocorre no Estado de Manipur, onde a violência entre diferentes etnias tem causado mortes e forçado milhares de pessoas a fugirem de suas vilas. Além disso, a violência de gênero persiste no país, com casos recentes que ganharam destaque.

Apesar dessas questões, Modi é o líder mais popular na Índia e segue firme em busca do terceiro mandato consecutivo. Ele conta com uma imprensa favorável e uma oposição fraca, o que fortalece sua posição. Mesmo as tentativas de formar uma frente ampla de partidos opositores parecem insuficientes para impedi-lo de conquistar mais um mandato.

Em resumo, a Índia busca se posicionar como uma nova potência global, mas enfrenta desafios como o desemprego, a inflação, os conflitos étnicos e a deterioração dos direitos civis. O governo de Modi tem sido criticado por promover políticas discriminatórias e por incentivar a perseguição contra minorias religiosas. Apesar desses problemas, ele continua sendo o favorito para vencer as próximas eleições e se manter no poder.

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