Repórter São Paulo – SP – Brasil

Butantan aumenta exportação de soro antidiftérico em quase sete vezes, devido à baixa cobertura vacinal e escassez de produtores de alta qualidade.

O Instituto Butantan, renomado centro de pesquisa e produção de imunobiológicos no Brasil, vem se destacando por suas exportações de soro antidiftérico nos últimos dois anos. Entre 2021 e 2022, o número de países atendidos pelo Instituto saltou de três para dez, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Colômbia e República Dominicana. Além disso, a quantidade de frascos enviados aumentou de 380 para quase 2.500.

Os principais fatores que impulsionaram essa demanda foram as baixas coberturas vacinais em todo o mundo e a escassez de produtores capazes de fabricar um produto de altíssima qualidade. A difteria, doença infecciosa causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, ainda circula globalmente e o soro antidiftérico é a principal forma de tratamento específico.

De acordo com o diretor de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Instituto Butantan, Tiago Rocca, a imunização em dia é a melhor maneira de prevenir a doença. Vacinas como a pentavalente e a tríplice bacteriana oferecem a proteção necessária. No entanto, o soro antidiftérico se tornou um produto estratégico para os países manterem em estoque, visto que é a única forma de tratar os agravos provocados pela difteria.

Recentemente, ocorreram surtos da doença em países como Nigéria, Venezuela, Haiti e Peru, após décadas sem registros da doença. Isso reforça a necessidade de manter o fornecimento do soro antidiftérico, especialmente para regiões de fronteira, como Roraima. A falta de vacinação também tem causado casos em países europeus, como Suíça e Alemanha.

No passado, a produção do soro antidiftérico estava em ascensão devido à circulação da doença em todo o mundo. No entanto, com o avanço das campanhas de imunização, o problema foi controlado. Mesmo assim, o Butantan manteve a produção mínima do soro para atender às demandas internas.

A produção do soro antidiftérico passou por adequações às Boas Práticas de Fabricação (BPF), resultando em investimentos significativos na obtenção automatizada de plasma e na melhoria das instalações para o processamento do plasma, purificação, formulação e envase dos soros. O Instituto também é reconhecido pela qualidade de seus imunobiológicos, o que tem impulsionado suas exportações.

No entanto, há desafios a serem enfrentados para ampliar as exportações do soro antidiftérico. É necessário antever as demandas e programar a produção dos lotes produtivos, já que os países compradores geralmente solicitam um soro recém-fabricado, com validade de 36 meses. Além disso, é importante acompanhar as taxas de vacinação globalmente, pois a alta de pessoas não imunizadas aumenta a necessidade de tratamento.

O soro antidiftérico é um produto essencial e insubstituível. O Instituto Butantan, como único produtor público brasileiro apto a fornecer os soros hiperimunes, tem a responsabilidade de mantê-lo em produção. A qualidade dos imunobiológicos e a imagem secular do instituto também contribuem para sua relevância no mercado internacional.

Em 2023, o Butantan começou a exportar seu soro antidiftérico para as organizações de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras e UNICEF. Essas parcerias, assim como a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fortalecem o respaldo para as exportações.

Em resumo, o Instituto Butantan tem se destacado nas exportações de soro antidiftérico nos últimos anos. A demanda pelo produto tem aumentado devido às baixas coberturas vacinais e à escassez de produtores de qualidade. O soro antidiftérico é essencial para o tratamento da doença e países de alta e baixa renda têm buscado o Butantan como fornecedor. A instituição tem investido em melhorias na produção do soro e busca antecipar as demandas do mercado. Além disso, parcerias com organizações de ajuda humanitária e a certificação da Anvisa fortalecem sua posição no mercado internacional.

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