Juros futuros apresentam queda moderada após feriado, refletindo ajustes técnicos e alívio nos prêmios de risco fiscal e externo

Após o feriado do Dia da Independência, os juros futuros apresentaram uma queda moderada nesta quinta-feira. Esse movimento foi motivado principalmente por ajustes técnicos realizados pelos investidores, que se desfizeram de parte das posições de proteção adotadas durante a pausa do mercado. A expectativa de eventos negativos no exterior enquanto o mercado brasileiro estivesse fechado havia levado os investidores a buscar proteção, mas essas preocupações foram aliviadas, o que resultou em uma diminuição nos prêmios de risco.

No entanto, é importante ressaltar que essa queda foi suave em relação ao desempenho da semana, que foi marcada por um aumento significativo da inclinação da curva de juros. Esse movimento foi atribuído à piora da percepção de risco fiscal e externo nos últimos dias.

A liquidez foi baixa durante a sessão, e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) apresentaram uma queda discreta. O contrato para janeiro de 2025 fechou em 10,54%, contra 10,59% na quarta-feira, enquanto o contrato para janeiro de 2026 caiu de 10,28% para 10,21%. Já o contrato para janeiro de 2027 projetava uma taxa de 10,45% (10,50% na quarta-feira), e o contrato para janeiro de 2029 registrava uma taxa de 10,96%, contra 11,00%. Por fim, o contrato para janeiro de 2031 encerrou com uma taxa de 11,24%, ante 11,28%.

A queda das taxas foi mais acentuada nos vencimentos da parte intermediária da curva, enquanto a ponta longa apresentou uma leve diminuição nos vencimentos mais líquidos. Esse movimento foi influenciado pelo avanço da T-Note de dez anos nos Estados Unidos, assim como pela valorização do dólar em relação às moedas de outros países e pelas preocupações com o cenário fiscal no Brasil.

O estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal, explicou que os feriados nos EUA e no Brasil nesta semana reforçaram as posições de hedge adotadas pelos investidores para se protegerem dos riscos externos e fiscais. No entanto, ele também ressaltou que o cenário ainda é desfavorável, tanto no exterior quanto no Brasil, devido a problemas como a rigidez do Federal Reserve em relação à inflação nos EUA e as dúvidas sobre a economia chinesa.

Além disso, o preço do petróleo também tem sido motivo de preocupação, já que ultrapassou a marca de US$ 90 por barril, o que pode impactar os preços internos dos combustíveis e contribuir para o aumento da inflação. Outro ponto de atenção é o possível impacto dos estragos causados pelo ciclone no Rio Grande do Sul sobre os preços dos alimentos.

Diante desse cenário, as perspectivas para os próximos cortes da taxa básica de juros, a Selic, estão se tornando mais incertas. A possibilidade de uma recessão nos EUA, aliada à valorização do dólar e ao aumento do preço do petróleo, torna improvável uma ampliação no ritmo de cortes da Selic nas próximas reuniões do Copom. No entanto, também não é esperado que haja uma redução significativa na taxa de corte.

O mercado continuará atento aos movimentos dos yields globais e à condução da política monetária, além de acompanhar de perto os riscos fiscais no Brasil. A expectativa é que a inclinação da curva de juros doméstica continue dependendo desses fatores nos próximos meses.

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