Repórter São Paulo – SP – Brasil

José Gregori: uma vida dedicada à democracia, direitos humanos e resistência contra a violência e o arbítrio

O legado de José Gregori para a história do Brasil é indiscutível. O jornalista e militante dos direitos humanos foi uma figura ativa e influente em momentos cruciais da história brasileira, desde o governo militar até os dias atuais. Sua trajetória de luta pela democracia e pelos direitos humanos é marcada por coragem e comprometimento.

No período do regime militar, José Gregori foi um dos fundadores da Comissão de Justiça e Paz, uma importante trincheira de resistência à violência e ao arbítrio impostos pelo governo de exceção. Ao lado de outras bravas figuras, como Margarida Genevois e José Carlos Dias, ele enfrentou os desafios e perigos de se opor a um regime repressivo.

Durante a ditadura, Gregori também conspirou pela redemocratização do país ao lado de sua companheira de vida, Maria Helena. Juntos, eles participaram da articulação da Carta aos Brasileiros, que deu início ao processo de transição. A casa dos Gregori se tornou um ponto de encontro para sindicalistas, banqueiros, intelectuais e políticos que buscavam construir convergências em favor da democracia e dos direitos humanos.

Apesar da esperança de que o fim do regime militar traria um regime que respeitasse os direitos humanos, Gregori percebeu que ainda havia muitos desafios pela frente. Por isso, ele foi um dos responsáveis pela criação da Comissão de Direitos Humanos do Senado, que se dedicou a combater a violência policial e as condições desumanas nos presídios.

Como homem de governo, Gregori não abandonou sua luta pelos direitos humanos. Em parceria com Paulo Sérgio Pinheiro, ele transformou essa causa em política de Estado por meio do Programa Nacional de Direitos Humanos. Essa iniciativa pioneira foi fortalecida posteriormente pela atuação comprometida de Paulo Vannuchi, no governo Lula.

Além disso, Gregori também teve um papel fundamental na criação de instituições como a Comissão de Mortos e Desaparecidos, a Comissão de Anistia e a Comissão Nacional da Verdade. O Brasil passou a assumir uma posição de destaque no debate multilateral sobre direitos humanos e temas como clima, mulheres, moradia e discriminação racial.

Nos últimos anos, o país enfrentou o ressurgimento do populismo autoritário, ameaçando os avanços conquistados. Foi nesse contexto que a Comissão Arns foi criada, com o objetivo de defender a democracia e os direitos humanos. Inspirados pelo método de fazer política de José Gregori, ancorada no diálogo plural, na construção de pontes e no bom humor, essas alianças se reconstruíram e se fortaleceram.

José Gregori deixa um legado de coragem, determinação e compromisso com os valores democráticos e os direitos humanos. Sua trajetória serve como inspiração para as novas gerações de brasileiros que lutam por um país mais justo e igualitário.

Sair da versão mobile