Um dos principais problemas que divide as nações ricas e pobres é a falta de financiamento no combate às mudanças climáticas. Essa questão será um dos principais pontos de discussão na COP28, a cúpula climática global da ONU que será realizada em Dubai no final de novembro. A cúpula em Nairóbi foi uma tentativa dos países mais pobres de amplificar sua demanda por financiamento.
Durante o evento, investidores anunciaram que cerca de US$ 23 bilhões serão destinados a projetos de energia limpa, mercados de carbono e reflorestamento. No entanto, não ficou claro quanto desse dinheiro representa compromissos reais, e não apenas intenções.
O presidente do Quênia, William Ruto, destacou que a África possui grande potencial de energia renovável e minerais essenciais para a eletrificação de indústrias atualmente dependentes de combustíveis fósseis. No entanto, 600 milhões de pessoas na África têm pouco ou nenhum acesso à eletricidade.
O documento resultante da cúpula, denominado Declaração de Nairóbi, servirá como base para a posição comum da África nas próximas negociações climáticas em Dubai.
A cúpula atraiu dezenas de milhares de delegados de todo o mundo, sendo os principais participantes bancos, empresas de private equity, instituições filantrópicas e governos doadores. Eles foram instados a investir financeiramente nos projetos apresentados. No entanto, mesmo com promessas anteriores de investir mais de US$ 100 bilhões em financiamento relacionado ao clima nos países em desenvolvimento, os países ricos ficaram aquém dessas metas.
No centro da demanda dos participantes está o financiamento “concessional”, ou seja, empréstimos com taxas de juros abaixo do mercado e prazos de reembolso mais flexíveis. Grandes quantidades de financiamento concessional podem vir de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, desde que esses credores cumpram as reformas prometidas em relação à avaliação de riscos e à consideração das questões climáticas em seus empréstimos.
A cúpula também destacou a tensão econômica enfrentada por países africanos, como o Quênia, que dependem de energia renovável, mas sofrem com a inflação e a dificuldade de pagamento às empresas estrangeiras que geram essa energia de forma custosa em moeda estrangeira. A crise econômica nesses países evidencia a importância do financiamento adequado para projetos de energia limpa.
Em resumo, a cúpula climática em Nairóbi demonstrou a preocupação dos países africanos com a falta de financiamento no combate às mudanças climáticas e a necessidade de os países mais ricos investirem em projetos de energia limpa no continente. A Declaração de Nairóbi servirá como base para a posição comum da África nas negociações climáticas futuras.